escrita irregular
segunda-feira, abril 30, 2007
  Adolescentes
Márcia preparou-se para mais uma noite de diversão. Saiu com as amigas, num jantar animado e regado com um tinto alentejano. Brinde aqui, brinde ali, por aquilo e por nada.
A passagem pelo bar de sempre, ponto de encontro de todos. Bebidas frescas. Nesta noite, Márcia sente-se cobiçada. Alguns rapazes olham-na há dias, hoje tentam a sua sorte. Um deles mais afoito, consegue convencê-la a ir com ele. As amigas fazem festa, gritam pelo nome dela. Passado um pouco, o casal volta. Animação redobrada. A ruptura por género, alimenta a tentativa de outro mais atrevido. Intromete-se na dança das raparigas, conquista a atenção de Márcia. Tenta um beijo, dois e nada. Só negas, risos e brincadeira. Não desistindo, o beijoqueiro consegue sair ao exterior com ela. As raparigas do grupo torcem mais uma vez por Márcia. Os restantes clientes do bar, atentos à confusão do movimento de entradas e saídas, riem-se e comentam o duplo da rapariga.
Quando o regresso é feito, é novamente o júbilo entre o grupo. Márcia segue para junto das amigas e o rapaz vai para junto do seu grupo, jamais voltando a olhar para ela.
Márcia, descontraída, continua a divertir-se, foi para isso que se preparou.
A certa altura envolve-se com um 3º rapaz. Feliz pelo parceiro, envolve-se com ele. A dança aproxima os corpos e repete-se o ritual de engate. Nova saída para o exterior. Os dois primeiros conquistadores entreolham-se estupefactos. O grupo das raparigas divide-se na apreciação. O dos clientes mirones lançam farpas e gargalhadas bem sonoras.
A noite avança e o casal ainda assim regressa ao bar. Um dos clientes atira um piropo, indecente, a Márcia e esta responde a envergonhá-lo. As amigas juntam-se a ela e rodeiam-na, lançam-na na festa, evitando confusão. Pelo meio, o rapaz aproveitou para escapar. Márcia volta a dançar, rejeita mais rapazes, só quer dançar mesmo.
Uma amiga, mais sensível, aproveita para lhe perguntar, o que lhe tinha acontecido para estar tão solicita nessa noite?
Márcia responde encostada ao ombro da amiga, “procurei o meu príncipe encantado”.
A amiga, Paula talvez, tentou ser séria, iniciando uma conversa meia moralista.
Márcia nem lhe deu hipótese:
- Eu sei o que queres dizer-me. Mas, olha foi uma seca. Umas brincadeiras, começava a aquece-los e tudo perdido. Sofrem de ejaculação precoce. Todos eles. Coitados, uns meninos armados em machos. Não curti nada.
 
sexta-feira, abril 27, 2007
  Progresso
Ovar inverte o ciclo económico. A abertura na passada semana (sábado) do centro comercial Dolce Vita é um bom indicador para o concelho. Segundo os dados recentemente divulgados, este concelho é responsável por 20% dos desempregados da sub-região do Baixo Vouga. À tendência de encerramento de unidades fabris, surge agora em contra-ciclo, a abertura de comércio. Trocou-se a exportação de baixo-valor pela procura interna, o que irrita perfeitamente os economistas do nosso país.
Aumentou a qualidade de vida do concelho a que pertence a freguesia de Arada, local onde habito, dormindo.
Prevêm-se outros investimentos como abertura de um hotel na zona do Carregal, onde o amigo Vigoras se aventura na canoagem. Este empreendimento está suspenso, porque daqui a 137 anos a erosão costeira será determinante na zona e portanto, não é aconselhável a sua construção. Leram bem, 137 anos. Excelente capacidade de previsão. Ou seja, daqui a 137 anos a ria de Aveiro deixa de existir, tal como a conhecemos, pois na zona do Carregal, a sul do Furadouro, portanto, o mar estará ligado à Ria, tal como actualmente acontece entre a Barra e S. Jacinto.
Tanto trabalho teve o meu avô a fazer aquela estrada, para agora vir o mar destruir aquilo tudo.
As preocupações ambientais são curiosas, não são?
Se procurarem no Google Earth imagens daquela zona, podem observar que a tendência é mesmo abrir por ali, caso não se faça nada em contrário, para evitar a situação, como é lógico.
 
quinta-feira, abril 26, 2007
  pé direito
olha, olha.
no jornal labor, Fernando Moreira finalmente "descobriu" ser ele o visado do meu texto Escrita Regular.
curiosamente após a AG da AEJ.
existe algo e alguém por detrás dos seus escritos. com o tempo, estou convencido que o próprio irá revelar quem o "apadrinha" no seu projecto desportivo.
andava eu feliz, por aos 36 anos ter metido um golo com o pé direito, logo eu um tosco canhoto (muito tosco, mesmo, mesmo, mesmo) e vem este gajo chatear-me.
a continuar assim, com esta elevação técnica, qualquer dia relato aqui um golo de calcanhar.
dos links, o sujeito, pelo menos, ao referir-se a mim, conseguiu elevar o nível dos seus textos, o que já é um feito enorme.
"quem anda à chuva, molha-se" por isso quem escreve, sujeita-se. portanto, não lhe vou responder de outra forma senão, apareça nas AG da AEJ.
 
terça-feira, abril 24, 2007
  Idade da Inocência (9)
Desta vez a Idade da Inocência saiu do Escrita Irregular e vai aparecer no Jornal.
Acontece-me nos dias em que os meus filhos ficam impossíveis e o meu lado de pai castigador vem à superfície. Compensação pela escrita...
 
segunda-feira, abril 23, 2007
  Sarko-Sego
É bom sentir que o mundo voltou à normalidade.
Até em França, o resultado na 1ª volta das eleições presidenciais foi normal.
Voltamos a ter uma luta esquerda-direita. Logo ali, onde se inventou a divisão.
85% de votantes, fantástico. Com tantos votantes os extremos ficaram reduzidos a pouco, ou nada.
Os democráticos vão agora partir para uma terrível luta, onde a procura do voto no centro será decisivo.
Dois blocos: a forte e incisiva direita francesa - com um candidato temível, um homem sem medo e sem contemplações; a estadista e decidida esquerda francesa - com uma bela candidata, que não tem como único argumento político, o seu charme.
A 6 de Maio tudo se resolverá.
A principal vencedora de ontem foi a democracia, no final espero que Madame Royal triunfe, embora considere difícil. Passará pela mobilização não só do voto político mas, do voto social. Não significando isto o voto feminino, obviamente.
Ontem li n'Insurgente, link aqui ao lado, que a RTP ao fazer campanha pela candidata socialista ajudou no desfecho das eleições. Fantástico!!! Se Monsieur Nicolas sabe disto, vai pedir para se distribuir gratuitamente o DN em França, para desta forma influenciar a decisão da comunidade Portuguesa.
Fora brincadeiras é por aqui que se decidirá as eleições francesas, pelo sentimento de integração na sociedade das comunidades emigrantes.
O cartão de visita de Sarkozy é neste aspecto bastante superior...
 
sábado, abril 21, 2007
  Divórcio 8
Daqui a meia hora vou conhecer os meus sogros e a minha enteada.
Estou curiosa. Vou adora-los, eu sei. Espero agradar a todos, em especial à pequena, de forma a que a relação entre ela, os miúdos, o pai e eu fique solidificada.
É uma forma diferente de ter família mas, com ele tudo foi esquisito.
Aliás ele é bem esquisito, foi isso que adorei nele. Conheci-o no meu trabalho. Era novo na cidade, não tinha amigos, só alguns familiares afastados e a ela.
Trabalhávamos juntos, almoçávamos juntos. Comecei a simpatizar com ele. Tornei-me confidente. Na noite em que se zangou da primeira vez com a namorada, fizemos uma grande farra. Levei-o pela noite, diversão até de manhã. Adorou, repetimos várias vezes. Entretanto, uma noite disse-lhe quero-te e ele respondeu "finalmente, já te queria há muito tempo". Estava disposto a esperar por mim, que querido.
Tudo correu bem, durante meses até eu falar em casamento. Deixou-me, voltou para ela. Fiquei extremamente infeliz. Ainda por cima, "descobri que é o amor da minha vida", os homens adoram pregar esta partida às companheiras. O passado é que foi bom. Com outra, claro. Nós servimos para tudo mas, no passado é que foi.
Não aceitei e não desisti. Sempre ao meu lado de dia, mesmo pai de um filho, sabia que um dia o agarrava de novo. Consegui após anos e anos, com mais um filho deles pelo meio.
Só meu de novo, casei. Ficou integrado na família, dava-se bem com todos, meus irmãos, sobretudo.
Um dia, sem mais nem menos, notei nele uma falha de pensamento. Vários dias assim, com tendências maníacas. Convenci-o a recorrer a um tratamento, com um médico conhecido. Saiu-me mal a brincadeira, ficou pior, queria-me trocar por outra. Mudei-o de médico.
As separações fizeram-lhe mal, eu era a única âncora segura nas suas relações. Aguentei tudo. Vi os miúdos a crescerem, acompanhei-os sempre. Nunca com o estigma de madrasta mas, como companheira, esposa, do pai.
Gostaram sempre de mim. O que deixou a mãe deles fula, coitada.
Nunca simpatizamos uma com a outra. Não era possível. Anos e anos a dividir o mesmo homem.
Ela bem tentou tirar-me, mesmo doente. Eu sei que ele lhe prometeu mas, quando se vir sozinho, vai querer-me com eles.
Mais 15 minutos estamos lá. Tudo a dormir. Coitados dos pequenos.
Estou convencido que sem ela, será mais fácil recuperá-lo. Com mais família. É certo que este regresso ao passado, traz novas recordações. Algumas nunca tinha ouvido falar, como bisnagas de padeiro. Já nem sei se é delírio...
Cismou que tinha sido casado 6 vezes, confundiu os namoros com casamentos, como ele anda!
Vou fazer-lhe uma surpresa amanhã.
Tenho 35 anos e ao contrário do que todos pensam, não sou nada estéril. Apenas, não quis ter filhos até agora para não o confundir mais. Ui, como teria sido.
Que confusão.
Ali está a placa. Sair aqui e mais 5 minutos, regressámos ao passado deste homem. O que ele sofreu, que vida. Espero que o pai esteja calmo, humano. A minha sogra deve ser porreira, não? A minha "quase licenciada". Uma doutora na família que fixe. Até é um exemplo para os rapazes.
Ele podia ir estudar à noite. Como não me lembrei disso mais cedo!
Vai fazer-lhe bem.
Imaginem! Pensar que tinha casado 6 vezes. Duas vezes comigo, outras tantas com a falecida, uma com a lambisgóia e uma aqui na terrinha. Imaginação fértil. Perdeu mesmo a noção. Troca tudo. Tinha cortado relação com a minha família, dizia e era com a da outra. E com a dele, também!
Ai, ai! Tudo vai mudar.
Estou curiosa. Vou acordá-lo deve ser perto desta padaria. Será que era esta a padaria do creme em corpos nus? Devia ser fresca a outra, devia, devia.
Vamos a isto.
Só para mim, efectivamente.


nota:
dedicado a todos os leitores, incógnitos, do blog.
os passivos, lêem e não comentam por aqui.
procuram incentivar-me pessoalmente, noutros encontros, pessoais ou virtuais, à escrita continuada, romanceada.
como podem ver, só tenho disto para oferecer. talvez ou por certo, por efeitos da terapia do Dr. Antunes: "uma da manhã e a minha avó a perguntar pela azinheira.(...) três da manhã no forte em Peniche (...) duas da manhã eu de ventre aberto". Melhoras, rápidas
 
sexta-feira, abril 20, 2007
  Divórcio 7
Antes de morrer, chamei-o. Tinha a esperança de vida reduzida a poucos dias. Mais do que a morte, a entrega dos filhos era a minha maior preocupação. Cortara com a restante família em tempos por causa dele, ficara sozinha dedicada aos meus filhos. Um senhor maligno veio-me fazer companhia, apoderou-se de mim e derrotou-me.
Agora nesta hora de agonia, lembrei-me da minha derrota, os meus filhos vão viver com ela, a mulher que destruiu a minha felicidade, roubou-me o marido, preparava-se para ficar com os meus filhos.
Ela, a quem a natureza não a dotou de fertilidade, ganhava-me a última batalha.
Sempre soube do apreço dos rapazes por ela, conquistou-os com simpatias várias, obrigava-me a um esforço complementar em ternura, em dedicação de mãe. Nisso venci.
Chamei-o antes da Dª. Morte chegar. Disse que sim, estava transtornado com a minha doença, com a possibilidade de eu morrer. Prometeu que cumpriria. Vai voltar para casa dos pais e viver com eles, até ter estar melhor. Depois devia procurar casa própria. Ela não podia ficar a viver com os meus filhos. Horas e horas, noites e noites, de aconchego para os dar a outra. Coitado assustou-se. Deve ter ficado um bocado mal.
Conheci-o por intermédio de uma tia-avó comum. Senti que vivia perturbado, respeitava-o. Consegui um emprego para ele. A custo contou-me a sua vida, a história do casamento, da sua relação com o pai, um tirano. Começamos a sair os dois e apaixonei-me por ele. Não fui correspondida, ele estava traumatizado.
Fui sufocante, eu sei. Despertei a atenção dele e não o queria perder. Era giro, atencioso e inteligente. Tudo o que esperava de um homem. Não correu bem. Ousei falar-lhe numa relação mais séria e sentiu-se amarrado.
Ao soltar-se de mim, conheceu-a - já nem me lembro como, nem quando. Não perdi a paixão, por isso não desisti. Nem ela. Ficou dividido entre as duas. Quando, por um motivo não percebido, a deixou, voltou para mim. Senti que estava melhor, mais seguro, desenvolto, mais apaixonado. Ao contrário da 1ª vez, consentiu em casar. Tivémos dois filhos. No segundo apercebi-me que a outra andava a ronda-lho constantemente. Devo ter sido traída várias vezes, o que é certo é que viveu comigo mais algum tempo. Quando nos separamos, com divórcio, senti que nunca mais seria meu. Voltou para ela e casou quando pode.
Nessa época começou a perder o sentido. Andou em tratamentos e conheceu uma moça, bem mais nova. Chegou a aparecer cá em casa com ela, iam casar. Fiquei feliz, só para melindrar a rival. Fui muito simpática com a rapariga, incentivei-a. Aquilo não era para ele. Sempre decotada, de cavas em pleno inverno, mini-saias, com o corpo sempre à mostra e uma cara, como definir... feia, sim feia!!! Foi de todas, a única feia que ele teve.
Acabou com ela, enganado. De tal forma que julgava ter-se divorciado dela. Continuava mal, depois recuperou, nisso tenho que reconhecer ela tem feito bom trabalho.
Os meus filhos ficaram impressionados com estado a que o pai chegou. Mas, o mais velho conseguiu reagir bem à situação. Sempre é mais fácil, para assim, o pequeno seguir o irmão.
Fui feliz com ele. Eu sei o que fui para ele. Deixei a família por ele, não suportava interferências das minhas irmãs, meus irmãos, meus pais, cunhados, cunhadas. Ficou traumatizado do primeiro casamento. Falava poucas vezes do assunto, o que era bom, pois era sinal de recuperação do trauma.
Eu sei... ele vai voltar para ela. É mais forte do que ele, sente-se seguro com ela, com o poder exercido por ela.
Pelo menos durante uns tempos, vai para casa dos pais, depois tudo vai voltar ao normal. Nem peço aos meus filhos que sejam guardiões da memória da mãe. Nem aos meus irmãos e pais. Foi só para a enervar, ver como seria a reacção a este pedido.
Foram simpáticos, também serei.
Dª. Morte pode ceifar...
 
quinta-feira, abril 19, 2007
  Dia do índio
19 de Abril
 
quarta-feira, abril 18, 2007
  Contas de merceeiro
Esta semana dediquei-me a fazer contas. Apliquei a equação matemática preferida dos engenheiros para a proporcionalidade(regra de três simples), para demonstrar que SJM não precisa de outra Sala de Espectáculos senão a actual: o auditório dos Paços da Cultura.
Peguei na população de uma série de concelhos, conjuntamente com a capacidade, ou lotação, do respectivo teatro e cheguei à conclusão que, para SJM, uma sala com 147 lugares é suficiente.
Poderia ter feito outra conta, partindo dos 200 lugares do auditório atrás referido, que era calcular o rácio do n. º de habitantes por lugar e obteria os seguintes valores:
Guarda 70
Vila Real 100
Faro 72
Figueira Foz 78
Aveiro 116
Viseu 323
Famalicão 255
Coimbra 217
Braga 113
Guimarães 237
SJM 106

Ou seja, teríamos valores próximos de cidades com menor número de habitantes e com salas melhores apetrechadas.
Não cheguei a conclusões, propositadamente.
O meu lado de revolucionário (que ainda conservo) aponta sempre para o corte com o passado.
Não compreendo a insistência em querer fazer uma "mega" sala, destinada a teatro, ópera, etc. numa terra com reduzido n.º de habitantes e essencialmente, de público.
Texto integral, pode ser lido aqui.
 
  Arrancou!!!

O novo negócio familiar arrancou ontem.
Venda on-line de tendências de moda e decoração, em 2ª mão.
Um conceito existente em toda a Europa, em especial, Londres.
O site fica em http://www.sharam-pt.com/
Link directo aqui.
Por motivos vários apela-se à visita, uso e abuso, bem como, à sua divulgação compulsiva.
 
terça-feira, abril 17, 2007
  Divórcio 6
A minha mulher não dorme há dias. Está feliz, ansiosa. Pudera, 20 anos de tristeza, sem ver o filho, nem no Natal, nem em época alguma.
Chegou ao pé de mim a chorar, com uma carta na mão. Agarrou-se a mim a dizer: "é dele, ele vai voltar! Pediu para o aceitarmos!" Deu-me a carta para a mão, dizendo "não o vais negar! Lembra-te que ele não foi assim tão culpado". Claro que não o negaria. Esperava este gesto há muitos anos. Li o que ele escreveu, pediu e disse com uma voz seca, "cá estaremos prontos para ajudar. Conta à miúda." Quando a minha mulher saíu, as lágrimas apareceram-me nos olhos. Já não sou o mesmo, a miúda ajudou-me muito.
Fui muito duro com o meu filho, não aceitei o seu descuido. As explicações dele pareceram-me pouco convincentes. "Tiravas para fora, morcão" - gritava-lhe. Obriguei-o a trabalhar. Levou a mal, tinha um óptimo futuro como estudante, diziam-me. Revoltado, deixou de me falar. Quando se separou, passou por cá a contar o sucedido, queria apoio. Irritei-me com ele, afinal que homem era ele, nem uma marca na maquiavélica? Era a mãe da filha, disse-me.
- Aqui não ficas, vai para onde quiseres.
Foi, deixou a terra e nunca mais voltou.
Um dia entrei na antiga casa dele, pensando encontrá-la sem ninguém. Fui levantar os seus pertences. O relógio da cozinha estava parado. Comecei a ouvir ruídos no piso de cima. Aproximei-me com cuidado. Num dos quartos, pela porta entreaberta pude ver dois corpos a copular. A minha ex-nora com um marmanjo que desconhecia. Olhava para aquilo e enfurecia-me. Peguei na arma (na época andava armado, como eu mudei). Reflecti, no meio ira, que se os matasse ali o culpado seria o meu filho. Seria ele o principal suspeito, certamente sem nenhum álibi. Esperei na casa de banho pelo gajo. Normalmente, são os homens os primeiros a limpar-se. Assim foi, ainda estive lá um bom bocado, no escuro, para pregar um susto de morte ao cabrão.
Quando entrou, sentiu uma arma a encostar-se à nuca.
- Se te mexeres ou gritares, nunca saberás quem te tramou, fica quieto e ouve, meu caralho - foram as minhas palavras. Já rebentei cabeças melhores que a tua, acrescentei.
- Vais-te limpar e voltas para dentro, como se nada tivesse acontecido. Não és maricas, pois não?
O gajo tremia.
- Ouve, acalma-te. Vais para dentro e com entusiasmo vais propor aquela puta, que vá contigo. Vais ficar com ela, levá-la daqui embora, vais propor-lhe um mundo melhor. Ela agrada-te, é dada à putice e isso agrada-te, não é cabrão? Nem respondas, não te quero ouvir um pio. Mexe o braço direito para dizer que sim e o esquerdo para dizer que não.
Levantou o direito. Se levantasse o esquerdo, matava-o.
- Outra coisa, a filha fica cá. Ai dela se a leva com ela, eu mato-os a todos!
Nesta altura encostei a arma com mais força à nuca.
O braço direito levantou-se, várias vezes.
- Vais direitinho ao quarto e propor-lhe o teu plano com calma, com voz tranquila e convincente, ok?
Fui para outro quarto, onde estava a minha neta a palrar no berço, a inocente.
Ouvi a conversa, ela aceitou. Saí da casa.
No dia seguinte fui ter com o meu ex-compadre. Entrei na padaria, um silêncio imediato.
- Venho falar consigo.
Entramos no escritório, ao sentar-me coloquei a arma à vista.
- A nossa neta vai viver comigo. A minha mulher precisa dela, pois está desgotosa com tudo o que aconteceu e temo por ela. Vê algum problema nisso?
Abri o casaco e a mão direita encaminhou-se para a arma.
Respondeu-me que não. Não queria mais problemas, para desgosto já tinha a sua dose.
Apertámos a mão. Nunca mais o vi. Passados uns anos fecharam a padaria. Mudaram de terra e desapareceram. Há uns anitos, a irmã passou lá por casa e contou que tinham falecido, os dois num acidente de viação.
Hoje chega o meu filho, vou abraço-lo com força. Ele vai perceber que tudo está sanado. Vou pedir-lhe desculpa por tudo. Levá-lo à caça, à pesca. Ele precisa de se distrair. Num mês vai ficar como novo. Não está nada louco, que ideia. O regresso vai fazer-lhe bem.
Disse que vinha acompanhado de dois filhos e quem o trás é a esposa dele, que não é mãe das crianças.
Hoje, vou perceber isso melhor.
A casa vai ficar cheia. A minha mulher vai ficar feliz. Se não fosse a pequena tinha morrido, com certeza.
Já não sou o mesmo, a miúda ajudou imenso. Espero que ela fica feliz ao conhecer o pai, finalmente.
 
domingo, abril 15, 2007
  Divórcio 5
A minha tia telefonou-me hoje. Que chatice! Sempre a falar-me do meu passado. Da minha filha. Que chata.
O pretexto hoje deixou-me irritada. Parece que o meu primeiro marido vai regressar a casa dos pais, ao fim destes anos todos. Vai reencontrar-se com a filha, que também é minha.
Quero lá saber.
Já nem me lembrava dele.
Ainda bem.
Eu sei o que a tia queria: visitar a terrinha, revê-los a todos, em especial a minha filha. Não seria lá muito bom, apresentar-me. É certo que sou mãe, embora, não tenha grande cartão de visita.
Prefiro assim.
A maternidade nunca me seduziu. Queria libertar-me do tirano que era o meu pai. Sempre a impor-me limites. Horas para regressar a casa, satisfações sobre com quem saía, a controlar-me os namorados, o que tinha feito, um sufoco.
Saíu-lhe tudo ao contrário.
Deve ter ficado fulo quando soube das minhas façanhas. E quando fugi, divorciada, largando a miúda, partindo com um desconhecido, cheio de dinheiro por negócios não muito legais. Ainda hoje vivo com ele. Na luxúria.
Dos tempos da padaria fiquei com boa fama, que tempos esses. Serviram-me de preparação para esta vida. É certo que isto não é vida, sexo e droga, entre todos os luxos.
Não me posso lamentar. Sempre gostei.
Daqui a uns meses ofereço uma prenda fantástica à minha filha, por intermédio da minha tia. E só isso. Não consigo encará-la. Nem sei se a consigo enfrentar. É certo que foi graças a ela que me libertei do controlo do meu pai. "A minha filha irá virgem para o casamento", palerma.
Na verdade aproveitei-me da inocência daquele gajo, um romântico. Ficou transtornado, quando lhe contaram que as minhas facetas não eram só com ele. Coitado, como ele ficou. Na verdade, eu também ficaria. Ficou com a vida condicionada por minha causa. A cara dele quando eu começava com as maluqueiras, que riso. A bisnaga lá do padeiro a aproximar-se dele e ele sem perceber nada, inocente. Fazia isso a todos, era a prova à masculinidade deles. Pascácios. Em boa hora me apareceu este tipo.
Regressar? Não!!! Que chata a tia. A minha filha que me perdoe. Não a consigo encarar. Um dia recompenso-os a todos. Sou rica, dou-lhes presentes para os recompensar pelo meu passado.
Passado? Que ideia mais triste. Estou a ressacar. Onde coloquei a caixa da branquinha?
 
sábado, abril 14, 2007
  Divórcio 4
Fui a um funeral hoje. Mais por homenagem à defunta. Era uma senhora delicada e o seu sofrimento abalou-me. Os dois filhos estavam de rastos, coitados dos pequenos. O seu ex-marido, meu antigo companheiro, parecia um cadáver.
Eu não a conhecia muito bem, não era amiga dela, propriamente.
Conheci-o na sala de espera do Doutor Raimundo, médico psiquiatra. Conversou muito comigo, enquanto esperávamos pelo inicio da consulta. Simpatizei com ele, era franco, aberto, contou-me a sua vida, embora, eu não tivesse percebido muito bem alguns episódios. Tinha filhos e fez questão que eu os conhecesse. Eram o orgulho dele. O mais novo era muito fofinho. Esta amizade transformou-se em romance. Senti-me com vontade de me apaixonar. Eu andava em tratamentos por imposição da família. Tinha uns problemas com sexo fácil. Via nos homens apenas momentos de sexo fácil. Os tratamentos do Doutor começavam a fazer efeito, uma série de cápsulas que a minha mãe me obrigava a tomar, religiosamente todos os dias. Aquele homem, ao manifestar-se humano, despertou em mim outros sentimentos. Fez mais por mim do que o Dr. Freud.
É certo que a ideia do casamento não era do meu agrado. Ele estava casado com uma sujeita, hostilizou-me sempre e tinha os filhos de outra, da agora falecida. Esta sempre foi simpática comigo, incentivou-me, talvez por ver o ex-marido a ser retirado à outra. Disputaram-no sempre, andou entre uma e outra, constantemente.
No dia em que fomos falar com o advogado, um quarentão pronto para a aventura, íamos tratar do divórcio dele. Queria ser livre para poder casar comigo. O advogado não tirou os olhos do meu decote. Mediu-me e tirou-me as medidas, várias vezes. Senti que se babava, ao olhar para o meu peito. Despertou em mim sentimentos anteriores. Ardilosamente, convidou-nos a passar por lá noutro dia, com mais documentos sobre o processo. Pediu números de telefone, o meu incluído. Mal saímos, passado meia-hora ligou-me. Marcou encontro, num motel de quartos à hora. O Dr. que me perdoe, não resisti. Queria sentir o efeito daquela baba. Em má hora fui. Perdi-o. Apesar de "louco" não era burro e nunca mais o vi. Consegui recuperar, depois de internada com outros maluquinhos. Casei e tenho uma vida normal com o meu marido.
Recordo tudo isto, por ter ido ao funeral. A falecida morreu com cancro, coitada. Triste sina. Uma senhora simpática.
 
sexta-feira, abril 13, 2007
  DN
A edição on-line ficou minúscula.
 
  Divórcio 3
A minha mãe sofreu muito. O cancro acabou com ela. Foi enterrar ontem. Deixou um pedido ao meu pai, "gostava que vivesses sozinho com os nossos filhos". O meu pai já andava baralhado das ideias, ficou transtornado de todo. Reparo bem que perdeu o juízo. A medicação não está a fazer efeito, temo por ele. Esta mudança de vida pode-lhe trazer alguma lucidez, o regresso à terra natal. O encontro com os meus avós e com a minha irmã. Durante anos disse que tinha uma filha, agora já confunde o sexo, nem sabe qual o é.
Sei que tenho de ajuda-lo, primeiro porque gosto dele, depois pelo meu irmão. Está muito triste, é muito novo. Eu também estou, é evidente. Nem consigo disfarçar.
A minha mãe sofreu muito. O meu pai nem percebeu o que aconteceu. Só se apercebeu quando lhe falaram em poucos dias de vida. A minha madrasta foi impecável. Foi sempre, aliás. Gosto muito dela, é muito porreira. Vai fazer muita falta ao meu pai. Quando tudo estiver mais calmo, o meu irmão mais seguro, vou fazer tudo para que ela e o meu pai voltem um para o outro. Aliás, o meu pai viveu sempre com ela, não é?
Mas, nunca senti da parte dela qualquer rancor para connosco, tratou-nos sempre como filhos. Prendas, mimos, roupas, jogos e outros desejos ou caprichos fomos sempre recebendo. A minha mãe tinha ciúmes dela. Ela não podia ter filhos e encarou-nos sempre como seus.
Como a vida foi terrível para a minha mãe, ela desgotosa não quis perder tudo, como se fosse um jogo a vida. Pediu o seu último desejo ao meu pai. Confuso, sem ter forças para viver sozinho connosco, optou por pedir auxílio aos seus pais, que já não o viam há anos.
Vou conhecê-los agora, por estes dias.
 
quinta-feira, abril 12, 2007
  Idade da Inocência (8)
Há 4 anos nasceu a Ana Luísa, mais conhecida como Luísinha.
Nestes 4 anos fiquei proibido de ter pesadelos. Quando os sonhos se tornavam pesados e realmente ficava assustado, um choro sufocante, surgia no silêncio da noite. No outro quarto a minha filha gritava, agoniada. Por isso, evito ter pesadelos para não a assustar de noite.
E que noites!? Em praticamente todas, muda de cama e de quarto, ouve-se uns passos, a porta a abrir com força e lá entra a D. Luísa a correr pelo quarto até se aconchegar junto à Mãe. Em férias, acorda cedo com os passarinhos, no tempo de escola deixa-se dormir, esperta. Aliás, passo muitas manhãs de fim de semana, a brincar com ela à espera que os dorminhocos lá de casa acordem.
Mas, a grande afinidade entre pai e filha é o gosto pela rua. Em qualquer lugar, quando se a convida para ir à rua, vai logo buscar o casaco. Ficou alguma coisa de nascença além da tendência genética para a asma. É claro. Se estão à espera de alguma analogia com o ritual índio, já descrito no aniversário do Manel, para a Luisinha a primeira visão proporcionada do mundo foi precisamente... a rua.
Árvores, casas e estradas - assim defino a rua.
Tímida, quando o à vontade é reduzido, alegre e bem disposta quando se sente segura, a Luísinha preenche os dias da paternidade, tal como o Manel. A cumplicidade dos dois é curiosa e o "Maninha", com que o rapaz se dirige sempre à irmã é enternecedor.
Agora é tempo de festejar...

Nota: Não me esqueço, que precisamente nesse dia casaram Susana e Paulo, por isso, envio daqui os meus parabéns pelo aniversário de casamento. Um abraço.
 
quarta-feira, abril 11, 2007
  Divórcio 2
O meu verdadeiro pai vou finalmente conhece-lo! Segundo a avozinha, vai regressar a esta casa ao fim de 21 anos.
Parece que vou conhecer os meus irmãos. De repente, a minha vida fica cheia de familiares.
Nasci de um casamento de adolescentes, os meus pais separam-se uns meses depois de ter nascido. Fiquei com a minha mãe mas, esta pouco me ligava. Ao fim de um ano, conheceu outro homem, um excêntrico, cheio de dinheiro e partiu com ele. Os meus avós maternos com a vergonha, pelo comportamento da filha, rejeitaram-me. Valeram-me os avozinhos, pais do meu pai, que recusaram a ideia de uma neta ser entregue ao orfanato. Receberam-me com quase dois anos e deram-me tudo o que podiam.
Felizes por ter estudado, já frequento a universidade. Estando prevista a minha licenciatura para este ano. Uma nova página vai-se abrir na minha vida.
A família alarga-se, embora o meu pai esteja muito mal, à beira da loucura. Perdeu a memória, confunde tudo, só consegue recordar o nome dos filhos e é por eles que regressa a onde nunca mais voltou, durante 21 anos. Ficou "viúvo" do seu terceiro casamento, da mãe dos meus irmãos e agora terá que assumir a paternidade por inteiro. No seu estado demente não era fácil, por isso, humildemente, escreveu à minha avó, que ficou em êxtase quando leu a sua carta. O meu avó ficou perplexo, pelo estado do filho e aceitou-o de braços abertos. O tempo curou tudo.
Chega amanhã, estou curiosa por recebe-lo e aos meus irmãos, um ainda criança, outro adolescente. Vai ser engraçado, estou ansiosa...
 
terça-feira, abril 10, 2007
  Divórcio
Cansado dos processos de divórcio, optei por não voltar a casar.
Do primeiro casamento ainda fiz questão de o obter por via litigiosa. A partir daí já calejado, fiz sempre acordos. Comum acordo, termo engraçado.
Quantos fiz ? O mesmo número de casamentos. Muitos. Perdi-lhe a conta, deixa ver.
A primeira que me enganou foi aquela da padaria, erámos novos. Contraceptivo? Não é preciso, eu tomo a pílula. Nunca. Enganou-me, agarrou-me, só para sair de casa dos pais, uns tiranos. Estragou-me a vida e a dela também. Grávida, os pais dela a obrigar-me a casar. Tinha que ser, que vergonha. Pensava o quê eu? A filha deles não era nenhuma galdéria! E eu feito burro, aceitei o facto. Não era galdéria, não! A gaja... a vaca. Serviu-se de mim para sair de casa dos pais. Tivemos a filha (ou o filho, já nem me lembro) e depois sempre a sair de casa à noite. Primeiro comigo, depois arranjou maneira de ser à vez e eu a ser enganado sem saber. Ainda andei à pancada com o pai dela "Eu sou seu sogro". O parvalhão, disse-lhe tudo, quem era a filha, o que fazia comigo e com os outros. Sim, saía com outros e tudo. Eu enganado sem saber. Uma vida estragada. Por falar nisso... como se chama a miúda (ou puto)? Deve ter 15 anos, ou dezasseis. Em boa hora saí daquela terra, daquela gente ordinária.
A seguir também não tive sorte. Casado de novo, desta vez sem descuidos, nem premeditações maquiavélicas. Uma chata, revelou-se. Sentiu-se confortável, revelou-se. Tornou-se impossível, revoltei-me. Via no outro dia, parecia uma velha. Em boa hora me livrei dela. Logo a seguir, aquele que parecia o romance da minha vida. Feliz, encontrei-a, pensava. Com uma familía amável, eu abandonado pelos progenitores à sorte da vida, muito cedo. Vivos, sim senhor, ou já não estão? nunca queriam saber de mim. Comia em casa e dormia quando calhava, nunca perguntaram nada. Nunca os roubei, sempre me deram o que podiam. Com o primeiro casamento, forçaram-me o trabalho, os cotas. Sustento, para o filho e a mulher, a galdéria. Só queria sair de casa dos pais. Já passaram 20 anos. O meu filho, ou filha deve ter 19 a 20 anos!!!
A da família um sufoco, resultado divórcio. Nunca mais a vi. Deve ter ido com a família toda para outro lado. Engraçado, por vezes cruzo-me com antigas mulheres, não com antigas namoradas. Estranha mania de casar, eu tive.
Mais um casamento, outro filho. Este viveu comigo, muito tempo. Ainda tive outro, para segurar o contrato, dizia ela. Eu pronto a sair. Vejo-os semanalmente, fiquei com esse direito. Comecei a enganá-la na brincadeira com outra. Esticamos o máximo o casamento, ela sabia de tudo e eu fazia de conta. Agradou-me a ideia da traição. Sem recalcamentos, do primeiro casamento. Novo divórcio, casei com a que enganava. Boa, disponível, quando casamos encaixou-me na família. Sogros, cunhados, cunhadas, mais sobrinhos e sobrinhas. Tudo muito simpático, até casarmos. Depois tornei-me no cunhado, mais recente. Aquele que tem que agradar aos instalados. Se um qualquer precisava de algo, era aqui o desgraçado que tinha que ajudar. Passaram a abusar. Não me percebiam, nem eu os quis perceber. Ficas com eles, disse-lhe, são tua família. Mais um divórcio. Voltei a casar, depois de anos de reconciliações com antigas esposas. Complicado. Tinham pena, as desgraçadas. Só me faltavam aparecer a da padaria, nua coberta com farinha e recheio de bolos de creme, a galdéria. E eu parvo, a comer aquilo tudo. Enfim... coisas de miúdos.
Já me perdi, nunca consigo contar os casamentos, volto sempre ao príncipio e nunca acabo. Padaria, um, filhos dois, dois não três. Não é assim. 3 filhos, ok. Casamentos, um com a padeira, ou a filha, o segundo com a mãe dos miúdos, putos porreiros. Gostam de mim. Fui feliz com ela, não percebi o que me deu para a traição?
Ora esse, foi o segundo. Espera, casei anteriormente com a chata. Ora isso dá três. Mais a concubina. Espera antes disso, casei com aquela chata, a velha ranhosa. Depois ... é pá. Devem ter sido 5, ou 6. Mais de 4 de certeza. Portanto, divórcios é comigo. Só no primeiro é que fui comido como parvo, a partir daí só com comum acordo, termo engraçado.
Não volto a casar, sabem porquê? Estou farto do divórcio. Contactar o advogado, não é sempre o mesmo, ainda bem. Aí vou variando, também era o que faltava.
Houve um que ainda ficou a namoriscar uma das minhas ex, qual delas? Já nem sei.
Agora, com esta idade, tenho que arranjar casa para mim, capaz de receber os meus filhos. Qualquer dia volto a casa dos meus pais, será que ainda vivos? Tenho que conhecer a minha filha, ou filho? Nunca me tinha lembrado disso. Espero não me cruzar com ela, a mulher das bisnagas de padeiro, a galdária, tudo cheio de creme. Espero que tenha mais juízo que a mãe, o desgraçado, ou será desgraçada?
 
sábado, abril 07, 2007
  ALLGARVE
Até já.
 
sexta-feira, abril 06, 2007
  Páscoa
Em pequeno, tanto no Natal como na Páscoa, rumávamos a Almagreira, Pombal. As festas correspondiam praticamente ao mesmo ritual, saída no dia anterior, almoço perto de Coimbra (Leitão na Bairrada), encontro com os primos, brincadeira até dormir. Dois dias depois regressávamos a casa. O Domingo de Páscoa era dia de receber o compasso, que se avistava ao longe e nunca mais entrava na porta de casa da minha avó. Todos cheios de fome, mesa posta. Uma, numa sala à parte, para receber os homens da cruz e as reclamações dos descrentes.
Não era esta a única diferença entre as duas festas. A nível gastronómico a diferença, sentia-se na véspera, não era servido o bacalhau e eu já podia comer, como qualquer pessoa. A bolaria de véspera era mais apetecível que os de Natal, o que também ajudava.
A maior diferença era a nível climático, com menos chuva, por vezes frio, como este ano, na Páscoa, a casa de campo, onde vivia a minha avó, estava carregada de pó. Invariavelmente, as noites de sábado para Domingo, eram passadas com a bomba na boca. Os meus pais nervosos, não se aguentavam e lá ia eu, acompanhado pelo progenitor, para o Hospital de Pombal.
Ano após ano, até crescer um pouco e conseguir esconder a asma. Ou viver com ela, sem sobressaltos.
Já mais crescidinho, entrei no clube dos que não se levantavam para o compasso, raramente beijava a cruz, só quando o atraso era brutal e o ritual passava para a tarde.
Anos mais tarde, a partida passou a ser feita ao Domingo à noite.
As noites de sábado, passavam-se nas discotecas de Pombal. E a impressão que me causaram é de tal modo negativo, que ainda hoje considero a pior noite do ano para sair. Entretanto, o bom gosto prevaleceu e os roteiros eram melhores escolhidos e tive noites óptimas, de arrasar.
Depois vieram as férias da Páscoa, fora de casa, em autonomia. O fim de semana prolongado com fins turísticos e perdeu-se tudo.
Pelo meio perdeu-se mais...
Agora a Páscoa surge como a oportunidade de mini-férias de família, que infelizmente não consigo fazer como no tempo dos meus pais, sair uma semana, com destino a Espanha e mostrar aos meus filhos, o encanto do país vizinho.
Boa páscoa.
 
quinta-feira, abril 05, 2007
  Sabem quem é??
Fiquei curioso!
 
quarta-feira, abril 04, 2007
  público&privado
A velha questão, do papel do Estado junto das populações.
O esvaziar de competências, por asfixia financeira, do Instituto de Línguas de SJM. Texto incómodo a publicar (se ainda a tempo) no Jornal Labor. Pode-se antecipar a leitura aqui.
 
segunda-feira, abril 02, 2007
  "calvinbola"
Poderia escrever com "Idade da Inocência", no entanto, é preferível este título.
Passei a praticar "Calvinbola" aos Domingos à tarde. Com a minha idade!
Para os mais distraídos este era o desporto que Calvin e o seu tigre praticavam nas suas tardes de lazer. Uma espécie de futebol americano, com regras sempre inovadoras e de acordo a situação do jogo.
O futebol lá de casa é mesmo soccer, nada de americanices.
As regras são iguais às do Calvinbola, ou seja, não existem e vão surgindo com o desenrolar do jogo, tendo como diferença a minha adaptação às circunstâncias criadas.
Dá para perceber quem vence os jogos, não dá?
 
Abriu a 5 de Outubro de 2006.

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Localização: São João da Madeira, Grande Porto, Portugal
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