escrita irregular
sábado, abril 14, 2007
  Divórcio 4
Fui a um funeral hoje. Mais por homenagem à defunta. Era uma senhora delicada e o seu sofrimento abalou-me. Os dois filhos estavam de rastos, coitados dos pequenos. O seu ex-marido, meu antigo companheiro, parecia um cadáver.
Eu não a conhecia muito bem, não era amiga dela, propriamente.
Conheci-o na sala de espera do Doutor Raimundo, médico psiquiatra. Conversou muito comigo, enquanto esperávamos pelo inicio da consulta. Simpatizei com ele, era franco, aberto, contou-me a sua vida, embora, eu não tivesse percebido muito bem alguns episódios. Tinha filhos e fez questão que eu os conhecesse. Eram o orgulho dele. O mais novo era muito fofinho. Esta amizade transformou-se em romance. Senti-me com vontade de me apaixonar. Eu andava em tratamentos por imposição da família. Tinha uns problemas com sexo fácil. Via nos homens apenas momentos de sexo fácil. Os tratamentos do Doutor começavam a fazer efeito, uma série de cápsulas que a minha mãe me obrigava a tomar, religiosamente todos os dias. Aquele homem, ao manifestar-se humano, despertou em mim outros sentimentos. Fez mais por mim do que o Dr. Freud.
É certo que a ideia do casamento não era do meu agrado. Ele estava casado com uma sujeita, hostilizou-me sempre e tinha os filhos de outra, da agora falecida. Esta sempre foi simpática comigo, incentivou-me, talvez por ver o ex-marido a ser retirado à outra. Disputaram-no sempre, andou entre uma e outra, constantemente.
No dia em que fomos falar com o advogado, um quarentão pronto para a aventura, íamos tratar do divórcio dele. Queria ser livre para poder casar comigo. O advogado não tirou os olhos do meu decote. Mediu-me e tirou-me as medidas, várias vezes. Senti que se babava, ao olhar para o meu peito. Despertou em mim sentimentos anteriores. Ardilosamente, convidou-nos a passar por lá noutro dia, com mais documentos sobre o processo. Pediu números de telefone, o meu incluído. Mal saímos, passado meia-hora ligou-me. Marcou encontro, num motel de quartos à hora. O Dr. que me perdoe, não resisti. Queria sentir o efeito daquela baba. Em má hora fui. Perdi-o. Apesar de "louco" não era burro e nunca mais o vi. Consegui recuperar, depois de internada com outros maluquinhos. Casei e tenho uma vida normal com o meu marido.
Recordo tudo isto, por ter ido ao funeral. A falecida morreu com cancro, coitada. Triste sina. Uma senhora simpática.
 
Comentários:
Olá!
Grande estória Rui! É que para história ficava mesmo sem jeito. A ser uma realidade, pois nada mais natural que acontecer caso destes, eu fico com a impressão de ser ficção. Será?
Espectacular!
Parabéns e um bom fim-de-semana.
 
obrigado pelas palavras, david. é imp ortante receber palavras assim, para continuar...
 
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