Divórcio
Cansado dos processos de divórcio, optei por não voltar a casar.
Do primeiro casamento ainda fiz questão de o obter por via litigiosa. A partir daí já calejado, fiz sempre acordos. Comum acordo, termo engraçado.
Quantos fiz ? O mesmo número de casamentos. Muitos. Perdi-lhe a conta, deixa ver.
A primeira que me enganou foi aquela da padaria, erámos novos. Contraceptivo? Não é preciso, eu tomo a pílula. Nunca. Enganou-me, agarrou-me, só para sair de casa dos pais, uns tiranos. Estragou-me a vida e a dela também. Grávida, os pais dela a obrigar-me a casar. Tinha que ser, que vergonha. Pensava o quê eu? A filha deles não era nenhuma galdéria! E eu feito burro, aceitei o facto. Não era galdéria, não! A gaja... a vaca. Serviu-se de mim para sair de casa dos pais. Tivemos a filha (ou o filho, já nem me lembro) e depois sempre a sair de casa à noite. Primeiro comigo, depois arranjou maneira de ser à vez e eu a ser enganado sem saber. Ainda andei à pancada com o pai dela "Eu sou seu sogro". O parvalhão, disse-lhe tudo, quem era a filha, o que fazia comigo e com os outros. Sim, saía com outros e tudo. Eu enganado sem saber. Uma vida estragada. Por falar nisso... como se chama a miúda (ou puto)? Deve ter 15 anos, ou dezasseis. Em boa hora saí daquela terra, daquela gente ordinária.
A seguir também não tive sorte. Casado de novo, desta vez sem descuidos, nem premeditações maquiavélicas. Uma chata, revelou-se. Sentiu-se confortável, revelou-se. Tornou-se impossível, revoltei-me. Via no outro dia, parecia uma velha. Em boa hora me livrei dela. Logo a seguir, aquele que parecia o romance da minha vida. Feliz, encontrei-a, pensava. Com uma familía amável, eu abandonado pelos progenitores à sorte da vida, muito cedo. Vivos, sim senhor, ou já não estão? nunca queriam saber de mim. Comia em casa e dormia quando calhava, nunca perguntaram nada. Nunca os roubei, sempre me deram o que podiam. Com o primeiro casamento, forçaram-me o trabalho, os cotas. Sustento, para o filho e a mulher, a galdéria. Só queria sair de casa dos pais. Já passaram 20 anos. O meu filho, ou filha deve ter 19 a 20 anos!!!
A da família um sufoco, resultado divórcio. Nunca mais a vi. Deve ter ido com a família toda para outro lado. Engraçado, por vezes cruzo-me com antigas mulheres, não com antigas namoradas. Estranha mania de casar, eu tive.
Mais um casamento, outro filho. Este viveu comigo, muito tempo. Ainda tive outro, para segurar o contrato, dizia ela. Eu pronto a sair. Vejo-os semanalmente, fiquei com esse direito. Comecei a enganá-la na brincadeira com outra. Esticamos o máximo o casamento, ela sabia de tudo e eu fazia de conta. Agradou-me a ideia da traição. Sem recalcamentos, do primeiro casamento. Novo divórcio, casei com a que enganava. Boa, disponível, quando casamos encaixou-me na família. Sogros, cunhados, cunhadas, mais sobrinhos e sobrinhas. Tudo muito simpático, até casarmos. Depois tornei-me no cunhado, mais recente. Aquele que tem que agradar aos instalados. Se um qualquer precisava de algo, era aqui o desgraçado que tinha que ajudar. Passaram a abusar. Não me percebiam, nem eu os quis perceber. Ficas com eles, disse-lhe, são tua família. Mais um divórcio. Voltei a casar, depois de anos de reconciliações com antigas esposas. Complicado. Tinham pena, as desgraçadas. Só me faltavam aparecer a da padaria, nua coberta com farinha e recheio de bolos de creme, a galdéria. E eu parvo, a comer aquilo tudo. Enfim... coisas de miúdos.
Já me perdi, nunca consigo contar os casamentos, volto sempre ao príncipio e nunca acabo. Padaria, um, filhos dois, dois não três. Não é assim. 3 filhos, ok. Casamentos, um com a padeira, ou a filha, o segundo com a mãe dos miúdos, putos porreiros. Gostam de mim. Fui feliz com ela, não percebi o que me deu para a traição?
Ora esse, foi o segundo. Espera, casei anteriormente com a chata. Ora isso dá três. Mais a concubina. Espera antes disso, casei com aquela chata, a velha ranhosa. Depois ... é pá. Devem ter sido 5, ou 6. Mais de 4 de certeza. Portanto, divórcios é comigo. Só no primeiro é que fui comido como parvo, a partir daí só com comum acordo, termo engraçado.
Não volto a casar, sabem porquê? Estou farto do divórcio. Contactar o advogado, não é sempre o mesmo, ainda bem. Aí vou variando, também era o que faltava.
Houve um que ainda ficou a namoriscar uma das minhas ex, qual delas? Já nem sei.
Agora, com esta idade, tenho que arranjar casa para mim, capaz de receber os meus filhos. Qualquer dia volto a casa dos meus pais, será que ainda vivos? Tenho que conhecer a minha filha, ou filho? Nunca me tinha lembrado disso. Espero não me cruzar com ela, a mulher das bisnagas de padeiro, a galdária, tudo cheio de creme. Espero que tenha mais juízo que a mãe, o desgraçado, ou será desgraçada?