escrita irregular
Halloween
Uma noite há muitos, muitos anos fui a Ovar ao Dia das Bruxas, ou melhor, à noite. Mais parecia uma noite de Carnaval, do que de Halloween. Algumas máscaras a condizer, os tradicionais equipamentos das escolas de samba e música daquela época.
Tudo isto na antiga Rainbow. Preparava-me para ir embora, dirigindo-me para a entrada, quando à minha frente surge um fulano, com uma meia na cabeça. Achei piada ao seu disfarce e olhando melhor reparo numa arma, espingarda. Não tive tempo de qualquer reacção, o fulano dispara a arma para o tecto, apercebo-me que na recepção também se ouvem tiros.
O “people” desata aos gritos, confusão generalizada. Feito curioso vou na mesma na direcção da recepção, sem ter percebido muito bem que se tinha tratado de um assalto.
No guichet onde se efectuava o pagamento, uma senhora tinha sido atingida no peito, não directamente mas de um tiro perdido em ricochete. Pouco sangue, portanto. A mulher numa frieza incrível, aceitou o meu pagamento e saí para o exterior. Nessa altura chegou a GNR (provavelmente ainda num lendário jipe Land Rover, ou UMM). Diligências habituais e alguém indica que os assaltantes foram em direcção à Torreira. Provavelmente seria fácil apanhá-los. Que não, nunca mais!
Vim a descobrir que os assaltantes seguiram num FIAT 127 e não me recordo bem, se o carro tinha sido descoberto antes da ponte da Varela, ou se a seguir já para os lados de Estarreja, fiquei com a ideia de que o carro tinha sido encontrado avariado, ou provavelmente sem gasolina.
Portanto, se um dia virem um fulano mascarado com uma meia na cabeça, desconfiem que se trata de um assalto e não de qualquer brincadeira alusiva à época de disfarces.
viver no campo (3)
São umas chatas as moscas. Nesta altura do ano instalam-se dentro de
casa e preferem morrer intoxicadas ou esmagadas do que com frio.
Se em ambientes urbanos se vive com moscas, imaginem a dificuldade no campo!
Abre-se
uma janela para arejar a casa, ou um compartimento e ficamos com mais
de 10 moscas dentro de casa. Às vezes são 10 na cozinha, ou no quarto,
ou na sala.
Uma chatice.
De noite atacam as melgas. E não pensem
que apenas no Verão. Um dos sintomas do aquecimento global é
precisamente a existência de melgas em pleno Inverno.
Os mosquitos continuam fiéis ao Verão - ainda bem.
Para
contrariar estes insectos utilizo estes novos aparelhos inteligentes.
Funcionam 12 horas por dia, com duas potências de difusão. Apesar da
sua eficiência, não são totalmente eficazes. Os aparelhos de difusão
contínua permitem obter mais cadáveres, sendo por isso de uma eficácia
fantástica.
Eu contínuo a preferir o pano para moscas, ou a almofada para mosquitos ou melgas. É um prazer sádico em esborrachá-los contra qualquer coisa, ou atordoar-lhes o voo e atirá-los ao chão e simplesmente pisá-los.
O lado desagradável disto tudo, é o ataque ao sono, que nos obriga a acender luzes e atacar paredes, incomodando a cara metade e sabe-se lá mais que vizinhos. Descobri nestas incursões que estas espécies estão a ficar inteligentes, mal sentem luzes escondem-se em locais obscuros: debaixo da cama, de cómodas, atrás de armários, ou em outros locais sombrios.
Se desenvolverem o olfacto e detectarem os difusores vai ser uma desgraça.
Regresso à normalidade
A ascensão do SLB ao 2º lugar é motivo de alegria para os seus adeptos. O importante não é a posição na tabela classificativa mas, o resultado alcançado no jogo de ontem.
Jogar com 10 jogadores durante uma hora, entrar o guarda-redes substituto a defender um penalti, aguentar o ímpeto adversário (que joga bem), nunca desistindo do ataque e colocar em campo por 10 minutos Adu, para este resolver o jogo mesmo a acabar, foram os principais feitos de uma vitória à imagem daquilo que o treinador do Benfica sabe transmitir: dedicação e entrega da alma em campo.
O Benfica à “Camacho” é isto, muito músculo, muita vontade, pouco discernimento, pouca táctica. Para este treinador o futebol é corrida, entrega ao jogo, remates à baliza. Os pormenores tácticos são substituídos pelos pormenores técnicos dos jogadores. Ao ler a descrição de Di Maria da jogada que deu em golo de Cardozo com o Celtic, em que o Argentino viu o Paraguaio a pedir-lhe a bola, tive a confirmação disso mesmo.
A motivação de jovens talentos não é fácil e o Espanhol naquele seu jeito abrutalhado, deve conseguir transmitir algo mais aos jovens do que onde gastar dinheiro, gastar dinheiro, gastar dinheiro.
O SLB pode vir a formar uma boa equipa. Começo a ver jogadores a tornaram-se importantes: os Uruguaios, os três anteriormente já referidos, os brasileiros, o Karagounis e claro, os portugueses Rui Costa, Petit e o Quim (ontem voltou ao antigamente).
O mais curioso disto tudo, é que o Presidente do SLB começou a ficar calado e os resultados finais dos jogos transformaram-se em vitórias.
Se calhar está aqui o segredo para o sucesso do Benfica.
Continua a saga
No
Jornal Labor desta semana, apresento uma sugestão sobre
habitação.
Quanto mais os políticos locais e os jornais apregoam o sucesso do executivo camarário, mais importante se torna desmascarar as opções políticas em S. João da Madeira.
Isto faz-me lembrar os anos de " democracia de sucesso" dos Governos do Prof. Cavaco Silva.
Qualquer curioso de política se analisar esse período e como foi exposto o "outro lado" da sociedade portuguesa, poderá perceber como deve preparar-se para as eleições de 2009.
Revelação em 1985 (eu vi-os em Cascais nesse ano)
Finalmente o pé esquerdo de Cardozo
As fases do banho...
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Enxaguar
Enxugar
Por motivos pessoais não me apetece comentar
Por motivos profissionais não me apetece blogar
As minhas desculpas
Acertei na minha previsão sobre o título conquistado por Raikkonen.
Falhei na descrição do desenrolar da corrida.
Hamilton não saiu, apenas provou a sua inexperiência.
Alonso foi impotente (não choveu)
Massa cumpriu a sua obrigação - liderou a prova e foi ultrapassado nas boxes.
Raikkonen venceu e foi Campeão Mundial por 1 ponto.
Como podem comprovar, este título esteve sempre previsto no Escrita Irregular,
desde a primeira prova.
Se fosse assim no futebol...
declarações de amor
a beleza começa no teu sorriso
No último GP
Poucos seguem a F1 nos dias de hoje. Remetida para canais codificados, a transmissão televisiva do Campeonato do Mundo ficou afastada do grande público.
Este Campeonato foi curiosamente um dos melhores dos últimos anos. As duas principais escuderias McLaren e Ferrari foram vencendo Grande Prémios de forma praticamente alternada e para a última prova a disputar Domingo no Brasil, 3 pilotos podem ser Campeões:
Hamilton da McLaren (em ano de estreia) lidera o Mundial com 107 pontos
Alonso da Mclaren (Bi-Campeão do Mundo) é segundo com 103 pontos
Raikkonen da Ferrari (para mim o melhor piloto) é terceiro com 100 pontos
O título de construtores está entregue à Ferrari, por decisão da FIA, que decidiu castigar a espionagem efectuada pela McLaren à escuderia Italiana.
Uma decisão que repôs alguma verdade desportiva, só que ao não penalizar os pilotos da McLaren no Grande Prémio da Hungria, prejudicou e de que maneira o piloto da Ferrari. Sem esses pontos Hamilton e Alonso estariam agora atrás do Finlandês e teriam que arriscar mais para vencer o Mundial.
A FIA nunca acreditou nas capacidades de Raikkonen nem da Ferrari e por isso, numa tentativa de manter interessante o Campeonato do Mundo não penalizou os pilotos McLaren. Acontece que o piloto da Ferrari manteve-se até ao fim na corrida do título e Domingo vencerá o Campeonato do Mundo.
Hamilton conseguiu a maior proeza de um estreante, chegar ao último Grande Prémio a lutar pelo título, foi a revelação da época e poderia ser Campeão, só que os nervos vão atraiçoá-lo e colidirá com um muro de pneus, ficando fora de prova.
A luta pelo título ficará resumida a dois: Alonso e Kimi.
(Não chovendo será o Finlandês o vencedor.)
Por um daqueles mistérios, típicos da Fórmula 1, o pneu do carro do Asturiano vai explodir, obrigando a desistir, quando seguia em primeiro.
As voltas de consagração do Finlandês serão fantásticas, com as bandeiras vermelhas bem levantadas à espera da última bandeirada da época. Uma ida à box, nas últimas voltas deixará todos os espectadores em suspenso. Raikkonen demora a arrancar e fica atrás de Massa. Este teima em liderar a prova até ao fim, por estar a correr em casa. Na última volta, já com as urgências dos Hospitais Italianos cheios e em Helsínquia toda a gente de boca aberta, pelo comportamento do brasileiro, surge a ordem da box, “deixar passar o Finlandês para primeiro".
O champagne no Brasil será saboroso.
(Há vinte e cinco anos quando Keke Rosberg se sagrou Campeão era tudo bem mais interessante)
O prometido não é cumprido
Esta é a imagem que mais se espera ver na final do Mundial de Rugby. Em 2003, a Inglaterra venceu o Mundial graças ao pé esquerdo de Jonny Wilkinson. Será que no próximo Sábado teremos sessão repetida?
Reparem na pose do homem.
Indicador da Vergonha
O único indicador que demostra a realidade Portuguesa é este:
20% dos Portugueses são POBRES1 em cada 5 Portugueses vivem mal, muito mal em estado de pobreza ou de exclusão.
Portugal ocupa o 4º lugar a contar do fim da União Europeia a 27 países, em termos de percentagem de população em risco de pobreza.
Atrás do nosso País apenas se situa a Roménia, a Lituânia e a Polónia
Se considerarmos a Europa a 15, Portugal passa a ocupar o último lugar.
Com estes números reais, de sofrimento de pessoas, de agregados familiares em miséria completa, o que interessa tudo o resto?
O lugar ocupado pelo nosso país no e-government, o sucesso da Presidência Portuguesa na UE, os indicadores de sucesso do Estado e da consolidação das contas públicas?
Este é o único indicador que realmente interessa.
Era sobre este indicador que o PM, os vários Ministros, os deputados se deviam debruçar e trabalhar para melhorar as condições de vida dos Portugueses.
Uma vergonha de país.
Fonte:
REAPN
Mesmo com Scolari fora
Portugal vence jogo no Cazaquistão e está a um pequeno passo do apuramento para o Euro 2008.
Makukula marcou.
Um desaforo chamar este internacional sub - 21 à selecção principal. Aproveitem este facto, para dizer mal de Scolari.
Tanta coisa, tanta coisa...
e ao fim de dois anos, já se
fala em descongelar salários e em progressão na carreia dos funcionários públicos.
o valor efectivo do défice das contas públicas é precisamente o mesmo que em 2004, só que naquela época havia receitas extraordinárias, agora existem extraordinárias receitas.
0% ou mesmo valor positivo das contas públicas, será algo assim tão difícil de concretizar? Os nórdicos, os espanhóis fazem-no e vivem bem melhor do que nós.
Um partido sem barões?
Futuro Lider do Grupo Parlamentar(ex-PM, ex-presidente do partido, ex-presidente da CML e da CMFdaF)
Membro da Comissão Política Nacional(ex- Presidente da Ar, ex- Presidente do Governo Regional dos Açores)
Membro da Comissão Política Nacional(ex-deputado, presidente da CMS desde 2001)
Presidente da Mesa do Congresso(ex-deputado, membro de AM)
Vice-Presidente do Partido(deputada, ex-deputada pelo PCP, ex-candidata a autarca)
Há 3 anos fugi de SJM!
Dito assim desperta mais a curiosidade.
É uma efeméride familiar. Em 2004, optámos por viver em Arada. Os miúdos ainda ficaram um ano na escola de Arrifana e só no ano lectivo seguinte é que a mudança de escola se efectivou.
A estabilidade total ainda não se conseguiu, há sempre mutações inerentes, próprias da vida.
A desilusão habitacional foi terrível e preponderante para a mudança.
Mais do que o apartamento, os lugares de Garagem, o que foi difícil de suportar foi a presença dos vizinhos na minha casa. Passo a explicar: o ruído emitido e que transpunha as paredes, os tectos, o chão e mais separadores se houvesse.
Se o vizinho do lado (um jovem adulto) se lembrava de jogar "psp" durante a noite, parecia que tinha um filho adolescente na sala agarrado aos comandos. Se um vizinho entrava no prédio durante o meu sono, eu ouvia - fosse pela garagem ou pela porta principal. No mesmo
período, se o vizinho de cima fosse à casa de banho, eu ouvia. Até o click do interruptor se ouvia. Eu vivi num primeiro andar. Imaginem que por ausência do vizinho imediato, eu conseguia ouvir os vizinhos do 3º andar. E para cúmulo, conseguia ouvir o som das escadas do Duplex, do 3º andar para o piso superior.
Uma maravilha.
Jogos do FCP, uma desgraça. Eram todos portistas. Quando entrava um golo, era
uma barulheira desgraçada. Sabia sempre qual era o número de golos, que
o FCP metia por jogo.
E depois havia os outros rituais matinais. Um vizinho que saía cedo, bem cedo. O acordar barulhento com miúdos e por aí fora.
Além daqueles ruídos, quase sempre nocturnos...
Por isso quando li
isto, identifiquei-me com o texto.
Agora vivo 95% mais isolado. Os malditos 5% que faltam, apontam os construtores o defeito às próprias estruturas utilizadas.
Coitadas! Tão imperfeitas.
O fim deste blog será assim...
Na mesa de cabeceira
Fui acompanhando a atribuição dos prémios Nobel 2008, da seguinte forma: no noticiário das 13h da TSF, dia após dia, fui ouvindo os nomes dos contemplados.
Houve uma época que fazia palpites, sobretudo, no Nobel da Paz, o mais mediático. Este ano nada esperava. Fiquei surpreso de ver Al Gore nomeado, confesso. Não fiquei surpreendido de o ver contemplado.
Relativamente ao outro Nobel sempre falado, o da Literatura. Como sempre, foi nomeado, este ano em feminino, um escritor de longa carreira. Não me ponho em bicos de pés, pois nunca tinha ouvido falar em tal senhora.
Nem eu, nem muita gente.
O que me provocou um grande susto foi este
post... Tenho uma fotografia deste homem na minha mesinha de cabeceira. Não envidraçada mas, na contra-capa de um livro.
Estou a finalizar um dos seus livros e seria horroroso ver Philip Roth galardoado com um Prémio deste género. Caramba, o homem só tem 74 anos, tem muito talento, podem perfeitamente atribuir-lhe um prémio desses daqui a 10 ou mais anos.
Imaginem-me, sempre fora, a dizer a toda gente, terminei de ler um livro do Nobel. Tipo, comprei um CD de um vencedor dos Grammies ou vi o filme premiado com um Oscar (esta é forte), ou outro produto qualquer galardoado.
Não é o meu género. Tenho que ter mais cuidado com o consumo cultural.
Agora vou ler as últimas 10 páginas, para finalizar
TODO-O-MUNDO.
Danadas para a brincadeira
A beleza
... de um animal sagrado.
Tradições
Nas férias encontrei uma amiga de família, que devido aos seus estudos universitários, saíu de SJM há mais de 27 anos. Recordou os seus tempos de estudante do secundário e o caminho que percorriam para ir para as Escolas: "
pelo meio dos campos".
Isto, traduzindo por toponímia actual, significa que a Avenida Renato Araújo não estava aberta do Dispensário até ao Hospital.
Entre outra memórias, verifica-se com frequência que vários edifícios da nossa infância são demolidos para se transformarem em modernos equipamentos. Salvam-se as Escolas, as Capelas, a Igreja, o Hospital, o Conde Dias Garcia, o Pavilhão da ADS e alguns Palacetes, entretanto, aproveitados para fins públicos...
E os usos e costumes da população?
É o tema que abordo esta semana no Jornal Labor (se
este texto for publicado) .
Uma nota para o final. Seria da minha parte demasiado generoso, indicar o tipo de evento que se devia organizar em SJM. Querem advinhar o que tinha em mente?
A importância de 1 videoclip
Petição
Eu já assinei..."O código do IRS prevê que todos os pais, à excepção dos casados ou viúvos, possam deduzir até 6.500 EUR por filho.
Esta situação de discriminação contra os pais casados ou viúvos já dura há imensos anos, tendo sido objecto de imensas reclamações, intervenções na comunicação social, etc, sem que tenha merecido por parte dos governantes a mínima atenção.
Isto está certo? Isto faz sentido?
Muitos casais têm, lógica e legitimamente, optado por não se casarem ou por se separarem a fim de não serem vítimas desta discriminação.
Num gesto de cidadania responsável, várias associações de família, entre as quais a APFN, optaram por levar à mudança da lei, uma vez que leis iníquas não contribuem para a dignificação do povo a que se destinam, pelo contrário.
Nesse sentido, está a decorrer na internet uma
petição para ser entregue ao Presidente da Assembleia da República, Primeiro-Ministro e Ministro das Finanças, para acabarem com esta discriminação.
A fim de não prejudicar as finanças públicas, é sugerido que esta dedução passe a ser igual a metade do actual valor (ou seja, 3.250 EUR por filho) para todos os pais, independentemente do seu estado civil, uma vez que, infelizmente, hoje em dia o número de filhos de pais casados ou viúvos já é só metade do número total de jovens e crianças, ou seja, é igual ao número de filhos de pais com outro estado civil.
Assine e divulgue!
Qualquer pessoa pode assinar esta petição, desde que concorde com o seu conteúdo!
Não discriminamos ninguém, nem baseado no estado civil nem na idade!
Os seus filhos, mesmo menores, também podem e devem assinar. Eles são as principais vítimas desta lei!
6 de Outubro de 2007 "
FONTE:APFN - Associação Portuguesa de Famílias Numerosas
Rua José Calheiros,15
1400-229 Lisboa
Tel: 217 552 603 - 919 259 666 - 917 219 197
Fax: 217 552 604
A prenda
Conheci Casimiro Araújo no meu primeiro emprego. Eu era estagiário e cheio de receio do mundo de trabalho. Todos os colegas me pareciam super competentes, compenetrados no seu trabalho e extremamente profissionais. Ninguém saía ás 17h30m, apenas uns minutos depois e às 8h30m toda a gente estava a trabalhar.
Casimiro quando me conheceu foi muito efusivo. Agarrou-me a mão, que estendi quando me foi apresentado, com muita convicção, muita força, num cumprimento que se prolongou por momentos. Além dele, trabalhavam no departamento mais dois senhores e outras tantas senhoras. A chefiar encontrava-se a implacável D. Cidália. Cidália como a própria gostava de ser conhecida, sem Dona nem Doutora, apesar de o ser.
Ao rever o meu amigo Casimiro, no passado fim de semana, que alguns devem ter conhecido, ou pelo menos ter-se-ão com ele cruzado, lembrei-me de como as nossas vidas estão ligadas.
Apesar do bom relacionamento inicial, Casimiro era uma pessoa de trato difícil. De manhã, não. Era simpático. À tarde começava a ficar nervoso e não se relacionar com ninguém, só gritava, sempre atarefado no seu serviço. Às 17 horas era chamado ao gabinete da D. Cidália. Pouco se ouvia o que se passava lá dentro, um ou outro grito da chefe e pouco mais. Chegava a hora de sair e Casimiro ainda lá estava dentro.
O meu trabalho foi acumulando, a necessidade de permanecer mais tempo na firma também. Comecei a ficar mais meia hora e apanhava sempre o Casimiro a sair. Tentava meter-me com ele, o que vim a verificar ser contraprodecente: naquela hora, não havia palavras de apreço para ninguém, só gritos e até insultos, o que me indignava.
No dia seguinte, como se nada tivesse acontecido Casimiro relacionava-se outra vez com toda a gente, pedia desculpa pelo sucedido no dia anterior e voltava a ser amável. À sexta-feira não! Era um mau humor, o tempo todo, até à hora de saída, que neste dia ele cumpria escrupulosamente, 17h35m.
Fui criando uma imagem da directora de pessoa muito exigente e muito rigorosa com os seus colaboradores. Quando me chamava, eu temia a atribuição de um serviço que eu fosse incapaz de executar.
Uma 5ª-feira, na hora do costume Casimiro saiu do gabinete da D. Cidália e completamente enervado ligou para casa, dizendo à esposa que não ia jantar, que tinha de ficar a acabar um trabalho para o dia seguinte. Passado uns minutos despediu-se e foi embora.
Este ritual repetiu-se todas as 5ªs, durante algumas semanas. De inicio pensei que
Casimiro voltaria passado um pouco, ou à noite. Intrigado, um dia passei perto da firma, para esclarecer as minhas dúvidas e por fora vi as luzes todas apagadas, não estava ninguém. Tentei, no dia seguinte, esclarecer com um dos outros colegas aquela situação, a resposta foi: um dia perceberás!
Este enigma durou até que um dia, às 17 horas, o Casimiro não foi chamado ao gabinete da chefe, em seu lugar fui eu. Ouvi uma gargalhada nervosa na boca do Casimiro e um qualquer desabafo.
Lá dentro tudo correu bem. Atribuição de serviço acessível e alguns elogios da D. Cidália, que caíram bem a um jovem estagiário. No dia seguinte, a mesma situação. Sempre que saía, não estava ninguém do departamento.
Até que chegou a 5ª-feira... 17 horas, lá fui eu. Desta vez a D. Cidália estava diferente, mais descontraída. Sentou-se junto a mim na mesa redonda e por vezes tocava-me na mão. A certa altura desapertou o botão de cima da sua blusa, mostrando ligeiramente o decote. Não pude deixar de olhar e fiquei atrapalhado. Pensei que estaria com calor. Ingénuo. Perto das 18 horas, disse que gostaria de continuar o assunto mais tarde. Trabalho nocturno, pensei. De repente surgiu o convite para um jantar a dois, num restaurante relativamente afastado. Não podia recusar e lá fui.
No restaurante apareceu outra Cidália, mais descontraída, sem roupa de executiva, menos formal. Com o decote à vista. Estava diferente, dir-se-ia que estava ao engate. A bebida escorria da garrafa para os copos, a minha anfitriã aguentava bem. Eu já estava a ficar tonto e pensei que já sabia o que iria acontecer. No final da refeição, que eu fiz questão de pagar, no que não foi aceite, ficando pelo parcial então, agarrou-me na mão e ao ouvido propôs-me uma indecência. Ao ver-me naquela situação delicada, desatei a rir, soltando-me.
Nessa altura, numa escapatória previamente ensaiada, apareceu um amigo a chamar-me com um assunto urgente entre mãos, para o qual era necessário a minha intervenção.
Na manhã seguinte, Casimiro estava à minha na porta da firma, todo risonho. Percebi finalmente, a desgraça pela qual tinha passado o meu colega, se calhar, sem forma alguma de fugir ao assédio. Refazendo, eu tinha sido a oportunidade dele se tranquilizar, quando soube que nada tinha acontecido ficou sério.
Casimiro estava a contrato, tinha a esposa desempregada, sem subsídio e tinha um filho pequeno. Não queria perder o emprego, nem a família, por isso sujeitava-se aos ataques da D. Cidália.
Fui apresentar as desculpas à directora pelo desfecho da noite anterior e fiz de conta de não ter percebido o seu segredo. Ali, no departamento, D. Cidália era directora e obviamente aceitou as desculpas, dizendo não se lembrar bem do que eu estava a falar.
Na semana a seguir voltou o ritual das 17 horas. Na 5ª, a transformação em engatatona e quando o departamento estava vazio o convite. Procurei recusar, não aceitou. Pressionou-me, obrigou-me a ir. Tinha que encontrar outra forma de escapar à taradice da mulher. O jantar era no mesmo local e lá compareci à hora combinada. A meio do jantar, chegou-se uma amiga minha à mesa e admirada por me ver por ali, com uma grande lata, sentou-se e fez questão de nos acompanhar no jantar. Como pessoa educada, a D. Cidália foi incapaz de convidar a outra a sair. Verdade seja dita que nessa noite, estava bastante apresentável e eu como estava seguro, pude olhar para ela à vontade.
Na semana a seguir, às 17 horas, Casimiro volta a ser chamado... O homem olhou para mim, com uma cara de ódio!
Tudo recomeçou para ele. O final de tarde, a 5ª-feira. Enchi-me de coragem e fui falar com a Administração. Eu não tinha nada a perder. Surpresa! O caso era conhecido, só que na empresa não acontecia nada. Eu aceitara jantar com a senhora, por isso não podia apresentar qualquer tipo de denúncia.
Fiquei fulo. Tinha que tirar o Casimiro daquela pressão, mas como?
Não aceitaria substitui-lo. Tomar o lugar dele de assediado. Era mau de mais para começar a vida de trabalho.
Aproximava-se o Natal. Sugeri darmos uma prenda à chefe. Foi um espanto. Todos olharam para mim surpresos. Sem perceberem nada. Compreendi que sabiam de tudo. Um silêncio abafado pelo medo de verem a sua vida prejudicada. Percebi as palavras do colega, avisando-me que um dia eu perceberia, o que se passava com o Casimiro. Este não podia comigo, mal me encarava. A ideia do presente foi aceite e ofereci-me para comprar uma peça de design única.
Na tarde do último dia, antes das férias de Natal, pedimos à D. Cidália autorização para procedermos a um pequeno convívio, informando-a que tínhamos muito gosto em lhe oferecer uma prenda.
Lá compareceu com muito gosto. Desembrulhou a prenda. É uma linda de peça, disse. Todos estavam a concordar e a tentar advinhar o que era. Um candelabro moderno disseram as senhoras. A certa altura ouviu-se uma grande gargalhada do Casimiro.
- Isso é um vibrador duplo!!!
Todos olharam para o objecto de forma diferente, a D. Cidália também. Olhou para mim, com vontade de me estrangular. Fechou a caixa do presente, agradeceu e fechou-se no gabinete.
Casimiro ria-se sem perder fôlego. Os mais velhos estavam divertidos. As senhoras escandalizadas. Uma delas disse-me: que coragem,
Pedro!
(contributo para o 1º aniversário deste blog, que hoje se celebra)
Não percebo
não consigo perceber o que leva um homem a olhar para os pés de outro!
obviamente, não me refiro a orientação sexual. penso eu.
por vezes, estou com interlocutores e reparo que o seu olhar se está a dirigir para os meus sapatos!
compreendo que alguém que trabalhe na área do calçado, tenha uma atitude destas por deformação profissional.
agora profissionais de outras áreas a olhar para os nossos pés, é uma atitude muito feminina.
no mínimo é falta de educação, medir o desconhecido, vendo o que traz calçado. é algo característico da falsa "classe média", do tipo: deixa ver o tipo de calçado deste gajo...
uns preconceituosos é o que são, estes homens modernos, urbe ou metro... ou homo.
um mês de trabalho menos dois quilos de peso
máxima dietista:
se não perdes em Setembro os quilos adquiridos nas férias, chegas ao fim do Outono como uma verdadeira bola.
Passeio Pedestre
Perto de casa
Campos cultivados
Fim de semana terrível
Nem sempre tudo corre bem.
A vida vai-se fazendo, trazendo surpresas
desagradáveis, quando tudo temos para estarmos bem.
Adiante...
A melhor frase, das muitas lidas durante este fim de semana complicado, foi esta n' O
Insurgente.