Dito assim desperta mais a curiosidade.
É uma efeméride familiar. Em 2004, optámos por viver em Arada. Os miúdos ainda ficaram um ano na escola de Arrifana e só no ano lectivo seguinte é que a mudança de escola se efectivou.
A estabilidade total ainda não se conseguiu, há sempre mutações inerentes, próprias da vida.
A desilusão habitacional foi terrível e preponderante para a mudança.
Mais do que o apartamento, os lugares de Garagem, o que foi difícil de suportar foi a presença dos vizinhos na minha casa. Passo a explicar: o ruído emitido e que transpunha as paredes, os tectos, o chão e mais separadores se houvesse.
Se o vizinho do lado (um jovem adulto) se lembrava de jogar "psp" durante a noite, parecia que tinha um filho adolescente na sala agarrado aos comandos. Se um vizinho entrava no prédio durante o meu sono, eu ouvia - fosse pela garagem ou pela porta principal. No mesmo
período, se o vizinho de cima fosse à casa de banho, eu ouvia. Até o click do interruptor se ouvia. Eu vivi num primeiro andar. Imaginem que por ausência do vizinho imediato, eu conseguia ouvir os vizinhos do 3º andar. E para cúmulo, conseguia ouvir o som das escadas do Duplex, do 3º andar para o piso superior.
Uma maravilha.
Jogos do FCP, uma desgraça. Eram todos portistas. Quando entrava um golo, era
uma barulheira desgraçada. Sabia sempre qual era o número de golos, que
o FCP metia por jogo.
E depois havia os outros rituais matinais. Um vizinho que saía cedo, bem cedo. O acordar barulhento com miúdos e por aí fora.
Além daqueles ruídos, quase sempre nocturnos...
Por isso quando li
isto, identifiquei-me com o texto.
Agora vivo 95% mais isolado. Os malditos 5% que faltam, apontam os construtores o defeito às próprias estruturas utilizadas.
Coitadas! Tão imperfeitas.