escrita irregular
Sempre a oeste
No ano passado, momentos antes do Natal anunciei o fim da "Escrita Irregular". Nunca até hoje expliquei concretamente o que se passou.
Durante umas semanas, umas dores de testículos atormentaram-me o corpo. Uns dias desapareciam e depois voltavam. Esta intermitência, permitiram-me desconfiar que o caso se devesse a alguma pancada, normal de quem tem de carregar filhos ao colo. Um dia analisei com maior rigor o tamnho das pernas dos meus filhos e verifiquei que seria impossível tal mal estar, ser motivado pelos pés desses diabretes. Praticamente, quando lhes pegava ao colo, os pés batiam-me nas pernas, ou nos joelhos. Naquelas partes nada.
Eliminei várias hipóteses de possíveis pancadas (essas também, seus maldosos) e cheguei pessoalmente à conclusão que as dores eram nem mais nem menos do que o famoso "
Cancro dos testículos" (ou tumor), que afecta vários jovens (e não só) do sexo masculino...
Escusado será relatar no estado em que fiquei. A escrita não fazia sentido continuar, por isso optei por interromper até ter mais certezas, ou estar em fase de tratamento avançado, fora de qualquer perigo.
Curiosamente o meu diagnóstico estava errado! Ainda bem, é claro. O tal
urologista depois dos testes físicos adequados, medicou-me (nunca tomei os comprimidos), descansou-me e eu lentamente levantei de novo a moral e recomecei a minha vida de blogger e colaborador de jornal.
Toda esta introdução, serve para atenuar o ímpeto que anunciei a semana passada de pôr fim à minha colaboração com Jornal Labor.
Comunicada a minha decisão ao Jornal, o motivo da mesma e apresentado um texto de
despedida, no género forte e incisivo. A reacção não se fez esperar...
Além de enaltecerem a minha colaboração e apresentadas as justificações - erro humano de uma jornalista que eu não conheço; ausência para o estrangeiro daqueles que conheço; edição fechada na 3ª-feira depois de enviar o meu texto - ao fim de três telefonemas, de dia e meio de pressão e só após o pedido de desculpas pessoais do Director do Jornal, Pedro Silva, aceitei manter a
minha colaboração.
De qualquer forma, agradeço as palavras que recebi no
post anterior, a curiosidade do "sanjoanense" que quis antecipar este desfecho e fiquem com a certeza, que este
texto tem mais do que 4.000 caracteres.
Tudo está bem, quando acaba bem, não é assim professor?
Os LOBOS perderam por 14-10 com a Roménia
Embora Portugal tivesse liderado o marcador quase até ao final. Na 2ª parte a Roménia foi superior, fruto da melhor constituição física dos seus jogadores.
Portugal não vence um jogo, falha objectivos. Marca ensaios todos os jogos, não ficando em branco como por exemplo, a Escócia e a Inglaterra que perderam frente à Nova Zelândia e Africa do Sul, respectivamente sem marcar qualquer ponto!!!!!
A Portuguesa foi cantada com dignidade, com sentimento e por vezes com lágrimas.
Se não fosse os bons pormenores técnicos dos jogadores Nacionais, só por isso já valeria a pena a participação dos Lobos no Mundial.
Provavelmente, a nível interno este desporto não sairá da sua dimensão Universitária, com várias equipas participantes associadas a faculdades ou a Universidades, além de clubes históricos como Belenenses e em tempos Benfica.
Só por via de apostas de clubes com esta dimensão é que a profissionalização e consequente melhoria competitiva será conseguida.
Vejamos se o patamar alcançado com a participação no Mundial trará frutos de futuro.
Apesar do Mundial terminar a 21 de Outubro... posts sobre râguebi terminam por aqui.
Vou fazer força para que Inglaterra, País de Gales e Escócia vençam os próximos jogos para ficarem apurados para os quartos de final. Por incrível que pareça acudirei pela Argentina frente à Irlanda.
O vencedor será um país do Hemisfério Sul, certamente. Ao menos em alguma coisa os países deste hemisfério são mais fortes do que os países do norte.
Próximos Jogos do Mundial de Rugby:
Os jogos a negrito são os recomendados (em parêntesis o motivo de atracção).
25 Setembro
Canadá v Japão, Bordeus, Grupo B (17h00)
Roménia v Portugal, Toulouse, Grupo C (19h00) (último jogo de Portugal)
26 Setembro
Georgia v Namibia, Lens, Grupo D (17h00)
Samoa v USA, St Etienne, Grupo A (19h00)
28 Setembro
Inglaterra v Tonga, Parque dos Principes, Grupo A (20h00) (Inglaterra terá que vencer para continuar em prova)
29 Setembro
Australia v Canadá, Bordeus, Grupo B (14h00)
País de Gales v Ilhas Fiji, Nantes, Grupo B (16h00) (quem vencer segue para os quartos)
Escócia v Italia, St Etienne, Grupo C (20h00) (o jogo europeu do grupo de Portugal, quem vencer segue para os quartos)
Nova Zelandia v Roménia, Toulouse, Pool C (12h00)
30 Setembro
França v Georgia, Marselha, Grupo D (14h00)
África do Sul v USA, Montpellier, Grupo A (19h00)
Irlanda v Argentina, Parque dos Princepes, Grupo D (16h00) (a Irlanda terá que vencer para continuar em prova, em caso de derrota prevê-se um França-Nova Zelândia).
Acontece?
O estado a que chegaram os
pilotos portugueses...
Olha não saiu!!!!
Esta foi reacção inicial quando li o
jornal e não encontrei o
texto publicado.
Algo de estranho se passara. Acedi à caixa de correio, que utilizo apenas para enviar mensagens para o Labor e tinha uma mensagem precisamente do Jornal, pedindo-me que ajustasse o texto enviado à quantidade máxima de 4.000 caracteres, espaços incluídos.
Fiquei incrédulo. Depois de ter escrito o texto (deu-me algum trabalho), de o ter enviado, dizem-me que tenho que o cortar, pois para efeitos de paginação os textos de opinião devem ter o tal máximo de caracteres.
O bom senso fez-me ficar calmo. Não pegar no texto e "
escreve-loassimtipoJoséSaramagoouseriaLuisStauMonteiro?".
Detesto falta de considerações, detesto tratamento despersonalizado.
Pura e simplesmente um texto depois de escrito não pode ser cortado e ajustado a medidas. Obviamente se fosse informado previamente, já saberia a quantidade de palavras, o tamanho destas e o número de espaços que poderia digitar.
Cortar um texto já escrito, é como pegar no autor e amputar-lhe os membros, ou decepá-lo ou tirar-lhe o coração.
A jornalista que me sugeriu que o fizesse não me conhece, senão saberia que para mim a escrita é a forma de manifestar a minha anarquia. Só me sujeito a regras ortográficas, gramaticais ou de semântica. Jamais aceitaria que controlassem a minha escrita consumada por n.º de caracteres. As ideias transformadas em papel não são números.
Dado o desaforo a que fui sujeito, percebo que é tempo de parar com a escrita gratuita. Se querem 4.000 nas condições actuais enviarei 0.000 caracteres. Ficam a ganhar!
Reconheço que ao longo destes dois anos, tenho sido incómodo.
Irreverente e provocador, não só para os políticos locais, como também para as redacções dos jornais, por pesquisar e impor temas, criando alguma agenda, antecipando acontecimentos, levando a redacção a ir atrás de mim.
Acredito na liberdade de expressão e ao sentir esta mudança de regras do jornal, penso que existe algo mais - tenebroso até - para me impedir de continuar a escrever.
Desta forma antecipando uma despedida, em que alguns dos argumentos aqui explicados, serão novamente apresentados - se me permitirem -, termino com este ciclo na imprensa escrita.
Esperando que compreendam,
Rui Guerra
PS. Como o texto era extremamente patriótico, esta atitude do jornal, há uns anos atrás, teria sido considerado uma afronta "esquerdista". :)
Dólar
Eu não percebo nada do assunto mas, com a
queda do preço do dólar, o petróleo terá que
subir. Senão os produtores não ganham dinheiro!
Com o preço do barril a 70 dolares e com esta a moeda a valer 0,76 euros (preços de 2006), o crude seria comercializado a 53,8 euros / barril.
Com as cotações actuais 80 dolares e a moeda a 0,71 euros, o crude terá um preço europeu de 57,1 euros / barril.
Apesar do aumento do preço do barril num ano ser de 14%, para os europeus apenas significa 6,2%.
Na actual conjuntura quem vende em moeda Americana está perdido. Agora quem compra sai a ganhar.
Faça-se o exercício relativamente às transações com a China. Além dos preços baratos, inclua-se a desvalorização do dolar e temos preços de miséria.
Caindo mais o dólar, o consumidor europeu fica a ganhar, o importador de produtos orientais também, só o desgraçado do exportador para fora da UE é que perde.
Seria simples se fosse assim, não era?
Eu sei que não é assim e como disse no principio não percebo nada do assunto!
Rugby
Podem vir à procura de futebol que não encontram nada.
Tenho a "cabeça" ocupada por outros desportos.
Além dos mundiais de judo - no sábado estive até às 3 da manhã, para ver se a Telma era Campeã!
Durante a tarde vi as meias finais do Europeu de Basket e à hora de almoço não perdi o Portugal - Nova Zelândia em rugby.
No domingo estive a ver o Samoa - Tonga e claro a final do Europeu de Basket, que os nossos vizinhos perderam infantilmente para a Rússia.
Tal como outros estou encantado com o Mundial de Rugby. Ao ponto de não conseguir escrever para imprensa local, senão sobre isto
mesmo.
Ah! Ao ver o
novo Obelix, só o imagino com uma espada na mão, tipo cavaleiro medieval, a carregar sobre o inimigo.
À semelhança do nosso Rei, D. Afonso Henriques.
Para quem não sabe...
Este fim de semana a Sanjoanense empatou novamente em casa com o Oliveira do Hospital - para a Taça de Portugal, a equipa de SJM venceu no prolongamento.
O Milheirós foi vencer a Arouca...
Os Dragões Sandinenses finalmente fizeram o primeiro jogo e perderam.
O S. Lamas empatou com o U. Lamas.
E os da Tocha empataram em Valongo (não o do Porto).
Tudo isto são equipas profissionais de Futebol da III Divisão - Série C.
Este Campeonato pode ser seguido semana a semana. A classificação actual é a
seguinte...
Quem é amigo, quem é?
Força Telma!!!
Para Campeã do Mundo, hoje no Rio de Janeiro!
Dá-lhes Telma!
idade da inocência (14)
As compras dos livros escolares e do respectivo material, com a antecedência devida, já anunciavam o acontecimento.
O Manuel Maria (Manel) vai para o primeiro ano. Na idade certa, com os colegas e amigos que encontrou e fortaleceu relações nos seus 6 anos. A Ana Luísa (Luisinha) por seu lado vai ocupar a sala que o irmão deixou vaga na Pré - Escola, ficando-lhe com sala, a Educadora, as auxiliares e toda aquela atenção dispensada a estas idades.
Não existe dia mais encantador na Escola, que o primeiro dia da Primária. Apesar de ser o primeiro ano, reencontramos sempre os colegas da pré-primária.
Vamos carregados de material, tudo identificado com etiquetas com o nosso nome.
Descobrimos objectos que não temos ideia para que servirão, capas com duas argolas, papel de lustre, resmas...
Mostramos uns aos outros, aparecem sempre uns com material estampado com uns super-heróis, os eternos spider-man, o super-homem, o batman, o hulk e raramente o Astérix.
Ficamos a conhecer a professora primária, sempre a tremer das pernas, à espera da responsabilidade que nos será atribuída e dos TPC que nos irão acompanhar ao longo da vida de estudante.
Aprenderemos as letras, a ler, a escrever a brincar? Ou tudo será muito a sério? E as contas? E o meio?
Vou para casa para ouvir a experiência do primeiro dia... o mais belo!
Ui!!!! Pudera!!!!!
Tudo era mais fácil se o teste fosse feito de outro modo.
Ou com urologistas de dedos fininhos, mesmo muito fininhos!
Parece que o exame na faculdade de Medicina para esta especialidade, obriga à medição do diâmetro dos dedos indicadores. O teste consiste em enfiar o dedo num orifício, tipo anel digamos, extremamente largo. Quem ficar com folga entre o dedo e o anel reprova logo!
É uma espécie de calibre passa-não-passa. Se o dedo não entrar passa logo, com 20 valores. Se ficar ajustado, tem aproveitamento entre 10 a 15 valores. Se efectivamente ficar com folga, o melhor é escolher outra especialidade, por exemplo ginecologia.
A sério!
Ainda por cima, os médicos (os tais de dedos muito grossos) calçam umas luvas e encharcam-nas com um gel.
Um ritual sádico, é o que é.
"Não lhe vou fazer mal" - disse-me o meu Urologista.
E depois querem que as pessoas de
bem corram para o rastreio!?
Já agora duas vezes por ano, não?
Regresso à escola
As aulas começam hoje!
Em alguns concelhos, em alguns escolas, em alguns níveis de ensino, as crianças e jovens regressam às aulas.
A 12 de Setembro!?
Escusado será dizer que há 30 anos, as minhas aulas começavam em Outubro. Nos anos seguintes a "situação" piorou de tal maneira que cheguei a iniciar um ano lectivo a 21 de Outubro. Bem, no primeiro ano da faculdade, as aulas começaram a 15 de Janeiro.
Esta evolução "tipo europeia" do inicio do ano escolar, permite-nos pensar que daqui a uns tempos, o ano lectivo começará a 24 de Agosto.
Por falar em regressos, em jeito de
masoquismo continuo a escrever para a imprensa local. Esta semana ainda sem assunto em concreto e sem muita inspiração, escrevi
assim...
Hora do conto: as compras
Deambulava pelos corredores do hipermercado, empurrando o carrinho à procura dos produtos que constavam da apropriada lista, timidamente escondida na mão esquerda, quando os meus olhos fitaram uma cara conhecida.
Não muito longe, à minha frente, estava a minha primeira namorada.
Sem perceber bem porquê, quase instintivamente, cortei logo à esquerda para uma qualquer artéria, de artigos semelhantes com marcas e cores diferentes, fingindo não ter reparado. Fiquei com a ligeira impressão de ter sido visto, por isso, coloquei-me em atalaia, em posição para me permitir de soslaio observar o entroncamento da corredor principal com a artéria em que me encontrava.
Esperei uns segundos e verifiquei que não me tinha enganado! O seu olhar permanecia fixo em qualquer ponto vago no fundo corredor, sem virar a cabeça, para o local onde me encontrava. A técnica de quem não quer ver. Ambos estávamos a jogar o mesmo jogo.
É certo que passaram muito anos. Provavelmente ela terá casado, tal como eu e possivelmente terá filhos. Seria mais fácil adoptar uma atitude de dois velhos conhecidos. Um cumprimento efusivo e depois das formalidades do presente, recordar o passado em comum. É evidentemente difícil ter abertura suficiente para recordar os momentos de sexo mantidos no passado. Os primeiros momentos. A virgindade a fugir, a inexperiência de adolescente. A atrapalhação do movimento. O gosto de correr riscos, característicos da juventude. Seria bom recordar episódios esquecidos, provavelmente confundir com situações vividas com outra parceira e usar aquela expressão "e daquela vez...". No final a despedida até um dia incerto, até qualquer dia, ou até à próxima.
Voltei para trás. Observei-a de costas. Como estaria agora o seu corpo? Diferente daquele que tinha tocado no passado, claramente. O mesmo corpo, com a transformação do passar dos anos: a celulite nas nádegas, nas pernas, as estrias conquistadas com a perda de massa, os músculos mais flácidos, a gordura acumulada em certas partes do corpo, as rugas indicando a passagem do tempo e claro, o aparecimento de cabelos brancos?
Virou à esquerda para a secção dos detergentes. Prossegui na procura dos artigos da lista de compras.
Tinha que a cumprimentar. Imaginei virar duas vezes à esquerda e entrar no mesmo corredor e aproximar-me, para fingindo surpresa, exclamar: Olha quem está por aqui! Há tanto tempo!
Arrisquei, ia correr bem! No momento da segunda viragem, parei! Provavelmente, estaria acompanhada. Marido ou filhos, ou outro familiar e por isso, não me queria enfrentar. Tudo menos os pais, que me detestavam! Não admira, a filha a entrar em casa a horas diferentes das habituais, a não dormir algumas noites, ou a receber-me às escondidas lá em casa.
Estava sozinha! Mas, estava a voltar para trás, por isso o meu plano tinha falhado.
Da minha lista faltavam dois produtos, do lado oposto à direcção por ela tomada. Segui para eles. Coloquei-os no carro de compras e decidi enfrentar o passado, sem compromisso para o presente e para o futuro. Sabia que tinha ficado mais alguma coisa, além do sexo desajeitado e juras de amor eterno, quebradas numas férias.
A ideia da infidelidade, a traição, o novo romance sempre lhe agradou. Se calhar ainda não tinha casado. Podia ter sido lesto a reparar nas suas mãos.
O telefone toca. O meu filho acrescenta um pedido à lista, alterando o meu rumo. Acrescentado o artigo extra aos restantes, procuro encontrá-la. Faço os corredores de uma ponta a outra. Costa a costa, duas vezes. Nada. Procuro nas caixas. É engraçado, vem-me à memória a primeira vez. Os corpos nus. Uma nudez total conquistada por etapas. Dessa vez, nem cuecas ficaram. Já chegava de brincadeiras, o desejo falou mais forte.
Chego à última caixa, nada! Volto para trás, percorro as caixas pela ordem numérica inversa. Focalizo cada pessoa de cada uma das filas. Não sei porque a recordei pela traição. Tive melhores experiências depois dela. Fui aperfeiçoando a dedicação aos outros, o romance e inevitavelmente o prazer associado ao momento sexual. Dar e receber. Tudo passado. Além disso, recordo que também me apaixonei por outras, tendo que terminar o namoro com uma fulana.
Primeira caixa e não há sinais dela. Desisto, coloco-me numa fila, com poucas pessoas. Paciência, perdi-a! Fico sem saber nada do que se passou com ela, ao longo destes anos todos.
Entalado na fila, vejo-a a passar já no lado das lojas. Olha para mim, mostra-se surpreendida por me ver, sorri, cumprimentando. Retribuo, a surpresa e o cumprimento. À minha frente o cliente junto à caixa não avança, um produto sem código de barras, por isso, sem preço marcado, empata-me no meio da fila. Não consigo alcançá-la. Faço um gesto, mostrando o meu desespero. Vendo a minha situação, a minha ex, a primeira namorada, encolhe os ombros e diz-me:
- Tenho pressa, tenho gente à espera!
Tento reagir. Abandonar ali o carrinho, passar para o outro lado, voltar atrás, sair pela passagem destinada a clientes sem compras. Chamo-a.
Olha para trás e sem intenção de esperar, responde-me:
- Fica para a próxima! Vai aparecendo.
Sigo-a com olhar, desesperado pela situação. Pretendo descobrir algo sobre a vida dela. Esqueci-me de olhar para as mãos, bolas! Uma voz interrompe a minha faceta de detective: Boa tarde, tem cartão cliente?
Olho para a caixa, entrego o cartão e volto a focar o corredor, de onde me retiraram a atenção.
Nada. Já não há sinais dela.
- É tudo? São 67 euros e 34 cêntimos! - ouço ao fim de alguns minutos, interrompendo os meus pensamentos.
gente com palavras (4)
Às leituras previstas para o Verão, tive que acrescentar um livro. Calculei mal, por erro de ambição e percebi que a uma semana do fim das férias, ficaria com todos os livros lidos. O tal livro técnico ficou por casa.
Numa improvisada livraria de Verão, com bancadas ao ar livre, cheias de livros mas, à sombra, adquiri o "Longe de Manaus" deste
senhor.
Desde 2006 que estava para lê-lo, só que confesso tinha pouca admiração por Francisco José Viegas (FJV).
Em primeiro lugar, pelas opções futebolísticas do escritor, comentador,
colunista, apresentador de programas de rádio e TV. Associá-lo ao futebol rasteiro, truculento, seguidista e fanático era o máximo que via nele. Um burgesso moreno, com pretensões a intelectual.
Em segundo lugar pela revista Grande Reportagem. A sua entrada para director foi uma desilusão. Mais pela saída do MST. Fiquei siderado, deixei de comprar a revista, inclusive não renovei a minha assinatura, tal era a consideração que tinha por este homem.
Ainda segui o ritmo semanal, em suplemento do DN, dos últimos números da revista mas, apesar da divulgação das cervejas e de outras rubricas introduzidas, fiquei apenas atento.
Já o exercício da
blogosfera mudou tudo. Mesmo com "O cantinho do hooligan" perfeitamente desajustado do resto mas, com alguma piada, habituei-me a lê-lo, quase diariamente.
Desta forma, depois do Equador de MST, de
Tiago Rebelo em "O Tempo dos Amores Perfeitos", decidi que o livro seguinte de autores portugueses seria precisamente "Longe de Manaus".
Sinceramente gostei de conhecer o inspector da PJ do Porto, Jaime Ramos. Da forma como na literatura o FJV introduz a divulgação dos vícios, dos prazeres da vida: as cervejas, o whisqui irlandês, os charutos; as referências à literatura portuguesa e brasileira; as memórias de infância do FCP, o peruano Cubillas - não me lembrava desse cromo.
O enredo agarra-nos. Crimes, heranças, amores impossíveis e adultério são o fio da narrativa.
Para conhecer melhor este autor, quando tiver oportunidade vou debruçar-me sobre o resto da obra, não da série Jaime Ramos mas, ao livro "Lourenço Marques". Gosto da visão nacional sobre o nosso passado imperial, daí a citação dos outros 2 livros de autores nacionais - devia ter começado por este livro de FJV e só depois partir para os mortos da judiciária do Porto.
Meias
No regresso, às dificuldades de adaptação ao hórario aparecem as de outro tipo, de vestuário: vestir camisa durante o dia, calças - deixar de lado o fato de banho e os corsário - mas, o mais doloroso é calçar meias.
Vanessa
A caminho da glória em Pequim 2008!
3100 kms
Ofir-Esposende-Fão-Viana do Castelo-Caminha-Coimbra-Santa Maria da Feira-S. João da Madeira-Óbidos-Praia D'El Rey-Foz do Arelho-Caldas da Rainha-Praia dos Pescadores da Lagoa de Óbidos-Vilamoura-Praia da Falésia-Armação de Pêra-Rogil-Aljezur-Praia da Amoreira-Praia da Carrapateira-Sagres-Lagos e pelo meio auto-estradas percorridas durante as férias.
De regresso a casa e ao trabalho, não tarda.