gente com palavras (4)
Às leituras previstas para o Verão, tive que acrescentar um livro. Calculei mal, por erro de ambição e percebi que a uma semana do fim das férias, ficaria com todos os livros lidos. O tal livro técnico ficou por casa.
Numa improvisada livraria de Verão, com bancadas ao ar livre, cheias de livros mas, à sombra, adquiri o "Longe de Manaus" deste
senhor.
Desde 2006 que estava para lê-lo, só que confesso tinha pouca admiração por Francisco José Viegas (FJV).
Em primeiro lugar, pelas opções futebolísticas do escritor, comentador,
colunista, apresentador de programas de rádio e TV. Associá-lo ao futebol rasteiro, truculento, seguidista e fanático era o máximo que via nele. Um burgesso moreno, com pretensões a intelectual.
Em segundo lugar pela revista Grande Reportagem. A sua entrada para director foi uma desilusão. Mais pela saída do MST. Fiquei siderado, deixei de comprar a revista, inclusive não renovei a minha assinatura, tal era a consideração que tinha por este homem.
Ainda segui o ritmo semanal, em suplemento do DN, dos últimos números da revista mas, apesar da divulgação das cervejas e de outras rubricas introduzidas, fiquei apenas atento.
Já o exercício da
blogosfera mudou tudo. Mesmo com "O cantinho do hooligan" perfeitamente desajustado do resto mas, com alguma piada, habituei-me a lê-lo, quase diariamente.
Desta forma, depois do Equador de MST, de
Tiago Rebelo em "O Tempo dos Amores Perfeitos", decidi que o livro seguinte de autores portugueses seria precisamente "Longe de Manaus".
Sinceramente gostei de conhecer o inspector da PJ do Porto, Jaime Ramos. Da forma como na literatura o FJV introduz a divulgação dos vícios, dos prazeres da vida: as cervejas, o whisqui irlandês, os charutos; as referências à literatura portuguesa e brasileira; as memórias de infância do FCP, o peruano Cubillas - não me lembrava desse cromo.
O enredo agarra-nos. Crimes, heranças, amores impossíveis e adultério são o fio da narrativa.
Para conhecer melhor este autor, quando tiver oportunidade vou debruçar-me sobre o resto da obra, não da série Jaime Ramos mas, ao livro "Lourenço Marques". Gosto da visão nacional sobre o nosso passado imperial, daí a citação dos outros 2 livros de autores nacionais - devia ter começado por este livro de FJV e só depois partir para os mortos da judiciária do Porto.