Olha não saiu!!!!
Esta foi reacção inicial quando li o
jornal e não encontrei o
texto publicado.
Algo de estranho se passara. Acedi à caixa de correio, que utilizo apenas para enviar mensagens para o Labor e tinha uma mensagem precisamente do Jornal, pedindo-me que ajustasse o texto enviado à quantidade máxima de 4.000 caracteres, espaços incluídos.
Fiquei incrédulo. Depois de ter escrito o texto (deu-me algum trabalho), de o ter enviado, dizem-me que tenho que o cortar, pois para efeitos de paginação os textos de opinião devem ter o tal máximo de caracteres.
O bom senso fez-me ficar calmo. Não pegar no texto e "
escreve-loassimtipoJoséSaramagoouseriaLuisStauMonteiro?".
Detesto falta de considerações, detesto tratamento despersonalizado.
Pura e simplesmente um texto depois de escrito não pode ser cortado e ajustado a medidas. Obviamente se fosse informado previamente, já saberia a quantidade de palavras, o tamanho destas e o número de espaços que poderia digitar.
Cortar um texto já escrito, é como pegar no autor e amputar-lhe os membros, ou decepá-lo ou tirar-lhe o coração.
A jornalista que me sugeriu que o fizesse não me conhece, senão saberia que para mim a escrita é a forma de manifestar a minha anarquia. Só me sujeito a regras ortográficas, gramaticais ou de semântica. Jamais aceitaria que controlassem a minha escrita consumada por n.º de caracteres. As ideias transformadas em papel não são números.
Dado o desaforo a que fui sujeito, percebo que é tempo de parar com a escrita gratuita. Se querem 4.000 nas condições actuais enviarei 0.000 caracteres. Ficam a ganhar!
Reconheço que ao longo destes dois anos, tenho sido incómodo.
Irreverente e provocador, não só para os políticos locais, como também para as redacções dos jornais, por pesquisar e impor temas, criando alguma agenda, antecipando acontecimentos, levando a redacção a ir atrás de mim.
Acredito na liberdade de expressão e ao sentir esta mudança de regras do jornal, penso que existe algo mais - tenebroso até - para me impedir de continuar a escrever.
Desta forma antecipando uma despedida, em que alguns dos argumentos aqui explicados, serão novamente apresentados - se me permitirem -, termino com este ciclo na imprensa escrita.
Esperando que compreendam,
Rui Guerra
PS. Como o texto era extremamente patriótico, esta atitude do jornal, há uns anos atrás, teria sido considerado uma afronta "esquerdista". :)