Guerra!
Um tratamento basista, característico dos militares.
Tal como os meus familiares. Pai, tios, primos, avô, simplesmente Guerra.
Os meus irmãos ainda escaparam, levaram com os seus nomes próprios: o mais velho com os dois e o irmão do meio ora só com um, ora com dois, muitas vezes mais o apelido.
Na minha terra natal, raras vezes tive direito a tratamento pelo nome próprio.
De alguns conhecidos, nunca os ouvi chamarem-me pelo nome próprio. Muitos desconhecem-no. Várias pessoas sempre pensaram que o meu apelido era alcunha.
Rui, a sua vulgaridade na minha geração fez com que entre colegas optássemos por apelidos, o Guerra, o Ferreira, o Sá, o Martins. O mesmo aconteceu com os Pedro, os José Pedro, os Miguel, os Luís, os Filipe e até com as Carla, Susana, Ana, embora no género feminino, o nome próprio ficasse sempre associado ao apelido.
Aprecio quem é conhecido por dois nomes próprios, ou por dois apelidos, em homenagem aos seus progenitores.
A mim calhou-me em sorte um só apelido, forte é certo e provavelmente por isso, tem-me acompanhado toda a vida. Salvo raras excepções, como na faculdade, em que o primeiro nome foi acrescentado ao apelido.
Encarei assim o mundo profissional, no entanto, muitas vezes sou conhecido pela formação académica, associando-se o apelido.
Cada vez encaro mais o nome próprio como um tratamento mais pessoal, tal como o aplicam os meus novos vizinhos e os colegas dos meus filhos, assim como os seus pais.
Ao pouco o meu nome de baptismo vai ganhando sentido e a identidade vai fortalecendo-se.