escrita irregular
quinta-feira, dezembro 13, 2007
  idade da inocência (15)
Os heróis desta rubrica não me abandonaram.
Omnipresentes na vida familiar, têm sido o alvo de todas as dedicações.
Apercebi-me hoje, ao dizerem-me que amanhã começam as férias de Natal, que tinha passado um período lectivo.
Um período cheio: de novas experiências, novos conhecimentos, novos amigos e novas actividades.
Se da Escola saiu um leitor, da pré-escola uma menina bem comportada (embora o feitio terrível ainda esteja latente).
Embora, nem tudo tenha corrido bem, um recado da professora chamando o encarregado à Escola, devido ao comportamento do Manel, por este ainda não ter percebido que o ensino básico é diferente do pré-primário, não se podendo estar sempre a conversar com os colegas, estivesse onde estivesse o seu interlocutor, serviu para o seu crescimento e para se concentrar mais na aula, fazendo os deveres de casa (TPC - como o próprio já diz) na própria Escola.
Na música, além da alegria de estarem sempre com cânticos infantis, trouxeram muito cedo o Natal, devido aos ensaios para o próximo espectáculo, na próxima semana.
Mas, os pequenos cantores também se dedicam aos instrumentos. A Luisinha no violino, tendo percebido com a primeira audição colectiva, que tinha que se esforçar um pouco mais. O Manel optou pelo piano. Como pais dedicados, lá tivemos que adquirir um violino e um teclado de 5 escalas para a prática musical dos petizes.
As actividades extra-escolares não ficam por aqui. A Luisinha no ballet melhorou significativamente e tenta ser sempre a primeira a fazer os exercícios. No judo, o Manel finalmente percebeu o que estava ali a fazer e como já não é o mais pequeno, já consegue derrubar os adversários de momento ao chão, o que é bom para a execução das técnicas da modalidade de projecção ao solo. Como consolação, venceu o seu primeiro torneio no passado sábado.
Na natação, actividade que acompanho semanalmente é onde consigo verificar in loco, os progressos. Com um professor que não lhes dá mimo, o medo adquirido nas férias foi perdido à 2 sessão, a partir daí tem sido um regalo para os olhos. Numa das sessões, ao ver o Manel a dar as primeiras braçadas de costas, com um deslize familiar (o meu irmão mais velho chegou a treinar natação no FCP, tendo como preferência e melhores resultados, precisamente o estilo costas) fiquei boquiaberto.

(Na piscina foi onde tive grandes trabalhos, pela partilha de balneário com uma turma de alunos
entre os 10 e os 12 anos. Foi extremamente educativo para os meus filhos, verem jovens a portarem-se mal - barulho, correrias, insultos, danificação das instalações - e após várias intervenções do pai verificarem como tudo se modificou. Serviu para os avisar que daqui a uns anos, eles terão que se comportar de modo a não incomodar os outros e a respeitar o património público ou privado.
Rapidamente o que acontecia era o seguinte: chegados ao balneário, os jovens tornavam-se insolentes. Gritavam, insultavam-se a plenos pulmões, corriam atrás uns dos outros, batendo as portas dos balneários individuais com grande estrondo, molhavam tudo com água dos chuveiros e um dia apanhei um a abrir uma porta de vidro à patada. Foi o click! Quem se lembra dos meus momentos de irritação (quase todos) deve imaginar o que se seguiu. No fundo, vinguei todos os professores, funcionários de escola vítimas de maus tratos nos últimos anos. Massacrei o miudo de tal maneira, que ainda hoje ele tem medo de olhar para mim. Aliás deve ter pesadelos, com medo que eu um dia conte ao pai, as suas aventuras na piscina. Mesmo assim, mesmo tendo apresentado uma reclamação oral na secretaria da piscina, tendo a situação acalmado por uma semana, ou duas, ao fim de 3 semanas, continuava o incómodo no balneário. Um dos pais, que como eu acompanha a sua filha de 5 anos, disse-me que não se queria envolver, pois tinha medo de perder o controlo e partir para a violência. Nunca tal me tinha passado pela cabeça. Cansado, estar num balneário de uma piscina a ouvir putos a fazer barulho, a querer apressar os meus para sair dali, ver uma funcionária a ser gozada pelos fedelhos, foi o suficiente para me voltar a enervar e envolver no assunto. A funcionária bem queria que eu resolvesse a questão pessoalmente, só que eu responsabilizei-a logo pelo acontecimento. Ui!!! A mulher ficou fula. Insistiu comigo e voltou a ser massacrada com a mesma argumentação. Os putos faziam dela gato sapato e a fulana não teve outro remédio senão pedir ajudar na secretaria. Veio o professor deles, com 1,85 m, largo de costas e deu o sermão da praxe e os putos ficaram-se. Eu não. No corredor, lado a lado com o professor lancei-lhe um ardil: verifico que tem dificuldades nas aulas com estes miúdos! Com esse comportamento e esta atitude no balneário, não percebo porque é que eles ainda não estão impedidos de entrar aqui? O professor ficou enrascado e concordou, dizendo-me que tinha acabado de falar com eles e olharam-no com cara de gozo. Logo, eu atirei-lhe a espada de cavaleiro monge (não se faz a ninguém): se fosse lá fora, era à chapada não?
Chegados ao átrio, ainda estava por lá a funcionária mal tratada pelos miúdos, à espera do resultado da investida do professor. Também se encontrava por lá o funcionário da manutenção que na minha primeira reclamação foi aquecer os ânimos no balneário. No átrio estavam pais incógnitos, alguns com os próprios filhos envolvidos, para todos e para a secretaria falei alto, dizendo ser uma vergonha que a Administração da Piscina permitisse a entrada naquelas instalações de alunos que mal tratavam funcionários, professores, não respeitavam as instalações, danificando-as e se fossem meus filhos, eu tinha vergonha! Os pais foram chamados à Escola, um por um, foi remédio santo, semana após semana tem sido um sossego naquele balneário. )


Mas, o melhor de tudo são os reconfortantes abraços com o beijo de boa noite.
Só por isso, já é gratificante ter vivido.
 
Comentários:
Um postal cheio de baba e muito bem rematado. É de facto um regalo e uma grande lição para os pais ver de perto os miúdos a crescer.
(12 anos deve ser uma idade muito complicada ...)
 
shhhhhhhhhhhhppppppppp. limpei a baba. será assim o som??!!!
 
Não sei muito bem, é capaz de ser isso. Mas deixa escorrê-la à vontade que te fica sempre bem.
 
Ver os filhos crescer é o melhor de todos os raios de sol...
Ainda bem que ha gente como tu, que não se acomoda aos estragos e parvoeiras de crianças mal educadas...pena que os pais achem engaçado os filhos serem uns autênticos parvos...
 
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