escrita irregular
terça-feira, novembro 06, 2007
  Mofo
Nos comentários ao meu post Pingue - Pongue, gaspas utilizou a expressão "Mofo", relativo a vários assuntos abordados pelo Dr. Renato Figueiredo.
Acontece que o problema do mofo não é por causa do Dr. Renato mas, pela inércia do executivo Camarário que teima em escolher outras prioridades na cultura local.

O artigo dissecador do estado da cultura em SJM, aponta 3 aspectos curiosos:

- o inexplicável estado do património municipal, em concreto 3 edifícios AM, CA e Quinta dos Condes;

- a incoerente falta de apoio ao Concurso de Música Florinda Santos;

- o desinteresse em se estudar o contributo social de empresas emblemáticas da cidade como a Oliva e Molaflex. Ao que eu acrescentaria o interesse industrial, mais no aspecto técnico da metalomecânica.


Qualquer acólito do actual Executivo contrariava estes argumentos com a obra, entretanto feita, como é apanágio geral da cidade:

- a abertura do Museu da Chapelaria;

- a abertura dos Paços do Concelho;

- o lançamento da Poesia à Mesa (é assim que se chama, não é?);

- e o prémio literário / poesia;


(A isto acrescentava, o incentivo para a instalação de 5 salas de cinema na cidade e claro, a mãe de todas as obras, o grande projecto o "Centro de Artes e Espectáculos", em que se vai transformar o Cine Imperador.)

Sem querer desarmar estes últimos argumentos, que facilmente o seriam, em especial, pela péssima programação cultural associada, sobretudo, no Auditório dos Paços do Concelho, permitam-me que me refira a um aspecto concreto:

- que importância tem a Cidade de SJM no panorama cultural da região onde está inserida?
- ou dito de outra forma, que importância tem a cultura no panorama da Cidade de SJM?


Perante este desmascarar de falsas políticas culturais, observa-se que existem na cidade, dois tempos, duas perspectivas de encarar a cultura:

- temos, por um lado, as actividades que já existiam antes da chegada ao poder do Sr. Presidente da Câmara, que eram apoiadas, embora já na altura se reclamassem melhores instalações, ou no caso do CA, restauro.

- por outro, temos as "obras feitas" pelo actual executivo.

Nesta dualidade, consegue-se compreender a mentalidade do actual Presidente da Câmara Municipal: antes de mim e depois de mim.

Que papel cabe à população? às instituições que servem a cidade? cair na graça ou ser engraçado!

Neste processo todo, temos o Coro de Câmara de SJM. Apresentado durante alguns anos como a "jóia da coroa" da cultura local, sempre presente em iniciativas municipais, ou até partidárias (como na campanha eleitoral de 2001). Por motivo de afastamento do antigo maestro, amigo do Presidente da Câmara, o Coro passou para o outro campo, dos desgraçados, passando a receber escassos apoios pontuais e a ser retirado da montra local.
Por insistência e perseverança dos seus membros, o Coro manteve-se e hoje é reconhecido, tendo voltado a actuar em dias de comemorações municipais.
Este exemplo é típico do caciquismo político nacional, premiar os amigos ou protegidos e tardar em reconhecer o mérito.

Por incrível que pareça, este não será o artigo para o Jornal Labor desta semana.
Provavelmente sairá um outro, sobre outro assunto, sem interesse nenhum em particular. Divulgarei na 5ª-feira
 
Comentários:
Amigo RG
Subscrevo totalmente as tuas palavras.
O "mofo" nunca foi pensado na pessoa que escreveu o artigo, o ilustre Dr. Renato, que muito prezo e admiro, mas sempre nas pessoas que estiveram à frente dos destinos dos órgãos de decisão camarária. Esses sim cheiram muitas vezes a mofo e naftalina.
E ainda bem que existem pessoas capazes de dinamizar e abanar a opinião pública, seja com artigos que despertem consciências, seja lançando reptos de actividades para fazer crescer social e culturalmente a cidade de S. João da Madeira.
Folgo muito ver-te empenhado nessa missão.
 
sempre que houver moinhos de ventos, empunharei a minha escrita para lutar contra eles.
ps: eu sabia que o destinatário não era o meu ex-vizinho :)
 
Caro Rui Guerra,

Também folgo muito em ver este teu espírito quixotesco.
E subscrevo a tua crítica em relação à falta de uma política cultural para a cidade.
Não existe qualquer estratégia da parte do executivo neste domínio.
Basta ver, que não há ninguém na Câmara verdadeiramente vocacionado para prosseguir essa estratégia cultural.
Quanto ao coro, devo dizer que tens razão no que afirmas, embora deva fazer-te uma correcção: o coro não interveio em iniciativas partidárias, quem o fez foi o professor Resende, a título pessoal.
Aliás, lembro que na altura, essa hipótese foi de facto aventada no seio do coro e o Gaspas é testemunha de que pelo menos eu e ele defendemos e votamos para que o coro não interviesse em quaisquer iniciativas, fosse quem fosse.
Não me quero alongar muito sobre este assunto, porque, teria demasiado a dizer. Como sabem, fiz parte da direcção, quando saiu o maestro fundador, embora hoje já não faça.
Mas um dia ainda hei-de dizer publicamente tudo o que penso sobre a polémica que envolve este assunto.
 
caro rb, sabes que o meu pc tem falhas de memória e por vezes, alguns episódios são descritos e citados de forma não muito correcta.
esse episódio foi só recordado para se perceber melhor a atitude do Sr. Presidente e não para condenar o Coro de Câmara.
Fizeste bem em deixar o reparo e eu também me recordava da vossa atitude.
Cá ficaremos à espera desse tempo de revelações.
 
É verdade. Confirmo.
 
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