Idade da Inocência (11)
Atrasados fizemos a última curva, à espera que aparecessem à nossa frente os autocarros.
Desilusão, a hora já era tardia e o excesso de zelo, implicou a partida dos colegas do Manel para a praia. Só restava uma solução, ir com ele até ao Furadouro. Deixei a Luisinha no ATL, telefonei para a fábrica a avisar acerca do meu atraso e lá fomos, em corrida a ver se alcançávamos o autocarro.
Nada, só o vimos já parado no Furadouro. Estavam apenas 5 autocarros, eram 9h20m. Fui dar a volta de carro, para o deixar na marginal no local eleito pela pré-escola.
Era para virar logo no primeiro acesso à marginal, depois da rotunda da Fénix mas, decidi seguir em frente, até ao último corte.
Ao seguir, uma senhora idosa no passeio pede-me para parar. Ao seu lado um idoso, certamente o marido, está sentado no chão. Está com cara de caso. Abro o vidro e ouço o pedido da senhora. O marido tinha caído, precisava de ajuda para o levantar. Encostei, fui levantar o senhor. Usei as palavras ocasionais: Isso acontece! O homem ficou de pé, ajudei-o a compor a roupa e ele disse-me que tinha 86 anos, ao que eu lhe respondi: está em forma. A senhora agradeceu-me e deu-me um elogio que não retive.
Entrei no carro, o Manel esperava tranquilo. Contei-lhe que o senhor tinha 86 anos, ou seja, era mais velho do que a bisavó. Observação pronta e certeira: "86 anos, devia usar bengala!"