escrita irregular
terça-feira, maio 29, 2007
  Equívocos
As eleições intercalares para a Câmara Municipal de Lisboa agitam nesta época do ano a vida política nacional.
As forças partidárias apresentaram candidatos com inegável currículo. Num país em que existe o sentimento político de menoridade relativo a eleições autárquicas, enaltecendo em primeiro lugar os candidatos e só depois o programa eleitoral, poder-se-ia supor que para estas eleições, bastava listas lideradas por alguns ex-ministros, outras por ex-presidentes de Câmara e por políticos com vasta experiência, que seria garantido o nível elevado da eleição.
Em Lisboa só isto não chegou.
Dissecados os candidatos, surgiram vozes criticas, exigindo ideias sobre a cidade. Não foram reconhecidas aos principais candidatos partidários uma única ideia, um projecto político para o município. Este grau de exigência obriga a reflectir…
 
Comentários:
O maior equívoco é o que decorre afinal desta conclusão: quanto à experiência autárquica dos candidatos, em rigor, só o Ruben de Carvalho, o Carmona, e o Sá Fernandes, ainda que este só como vereador no último mandato, é que têm alguma; quanto ao F. Negrão não apresenta qualquer currículum neste campo (perdeu as eleições em Setúbal e como governante não fez nada que se notasse; a Roseta nada fez a este nível governativo e muito menos autárquico; do Costa, apesar de reunir o normal e recorrente consenso da establishement "solicialista" e afim, uma espécie de candidato da União Nacional (unirLisboa!) julgo que é mais do mesmo - como ministro da administração interna nada de relevante tem feito (à semelhança dos restantes membros do executivo socrático); tenho as minhas sérias dúvidas quanto ao apregoado exemplar mandato como ministro da justiça - desta pasta que se saiba nada de importante resultou da sua intervenção, o estado da justiça, para além de alguns arranjos de cosmética, é o mesmo para pior desde o tempo da Cardona.
Em suma, nada de novo se espera das eleições da CML que vão ser apenas mais um fait divers, delas não resultando coisa nenhuma, até às próximas eleições, daqui a 2 anos.
Aliás, basta ver, como dizes na posta, que, quanto a projecto político ou ideias para o municipio, é um deserto, só comparável ao Poceirão.
 
Acho que o que se passa em Lisboa não é mais do que o espelho do país, pintado de jogos socráticos, inventados pelos sociais democratas.Tudo se resume a nada e a brincadeiras com o povo,o verdadeiro povo!Resta-nos,se quisermos,ver os episódios desta tão terrível telenovela.Por mim,que até gosto de política,vou desligar a t.v.
Guerra: Já li muitos artigos e só consigo escolher aqueles que falam de cenários afastados de S.João.Prefiro os menos políticos e mais imajinativos!Portanto,para já escolhi 13,que acho que estão bons e muito bons.Depois falamos.
Um abraço!
Armando
 
Até agora os candidatos, sobretudo os que não pertenciam à Câmara, só tiveram oportunidade de fazer as listas e pouco mais. E não é verdade que ainda não haja uma ideia sequer: quer a HR quer AC já apresentaram algumas que eu ouvi.
E estão suficientemente a tempo de apresentar um programa para a cidade visto que ainda falta mês e meio para as eleições.
Depois então é que se deve criticar ou elogiar as propostas de cada um.
Deitar abaixo é sempre fácil.
 
Um iniciado na causa política descobre desde muito cedo as preocupações dos partidos no período que antecede umas eleições autárquicas. Essas inquietações são normalmente e hierarquizando: candidato, elementos das listas, promessas eleitorais e programa político. O método não varia muito de partido para partido. Vencidas as duas primeiras etapas - ficando as listas constituídas e divulgadas, procura-se uma série de frases fortes para elaborar as promessas eleitorais. Nesta fase, as energias passam a estar concentradas em questões de propaganda: cartazes de várias dimensões, sites na Internet, folhetos e jornal de campanha, campanhas de rua, uma ou outra acção política programada, os jantares característicos e claro, a caravana de encerramento.
O programa político, o projecto, as ideias sobre e para o município, por vezes não conhecem a luz do dia. Manifestamente por falta de tempo. O arranque tardio, com a escolha de candidatos e a constituição de listas de forma intermitente, não permite ter tempo para mais.
 
Também é evidente que numas eleições intercalares como estas, não pode haver a preparação desejável dos candidatos.
Lembro-me que o Carrilho anunciou a sua candidatura com um ano de antecedência e certamente que ouviu especialistas, estudou os problemas e procurou soluções para a cidade (pecou mais na forma do que no conteúdo).
 
Os partidos consideram importante nas eleições autárquicas a apresentação de candidatos.
Retirando importância a questões como projecto político, definido previamente e actualizado ao longo das circunstâncias. Esta atitude, impõe uma ideia redutora destas eleições e revela um desinteresse das concelhias pela causa comum, a pública.
 
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