escrita irregular
terça-feira, maio 22, 2007
  100 anos Hergé


Hergé, criador do herói de BD Tintin, nasceu precisamente em 22 de Maio de 1907.
Escrever sobre Hergé é falar sobre Tintin.
Tintin o herói, Tintin a revista de Banda desenhada que chegava pelo correio.
Vou começar por aqui.


Não me lembro bem em que dia chegava. Penso que seria à sexta - feira. O meu Pai trazia o correio, que o carteiro deixava na caixa respectiva e havia uma corrida pela leitura em primeira mão da revista, de periodicidade semanal.
Ali segui várias histórias de vários autores e de vários heróis. Lia-as vezes sem conta. O seguimento semanal ficou como a melhor recordação:
o que vai acontecer?
como seguirá? consegue-se salvar o personagem, ou os personagens?
era uma semana (de repente fiquei na dúvida se seria apenas uma semana) em suspense. Uma expectativa curiosa.
Recordo-me do encanto que foi seguir alguns livros de Tintin por fascículo: O segredo do Licorne, o Tesouro de Rackham o Terrível, Tintim no País do Ouro Negro, Sete bolas de Cristal, o Templo do Sol, entre outros.
A devoção por este repórter ficou para sempre.
Já adulto decidi-me a completar pela enésima vez a colecção de livros. Um a um, outras vezes dois de cada vez. Comprei-os todos excepto um, o incompleto Alfh-art. Para os mais entendidos é fácil perceber porquê. Para os outros eu explico. Este foi o último livro que Hergé começou e não acabou, no qual Tintin seria colocado num Museu, ou seja, terminado e isolado das aventuras que o caracterizaram. Não podia ser.
Qualquer dia compro-o, eu sei.
Mais tarde comprei os videos. Adaptações felizes, com ritmo e mantendo o interesse da história original. Lembro-me de ver o meu sobrinho Tiago, com os seus 8 anos, a seguir assustado a entrada em cena da múmia Inca, em As Sete Bolas de Cristal.
Lá em casa a devoção ainda não teve seguimento. As legendas são muito rápidas mas, mais um ano ou dois e os meus filhos não escapam às Aventuras.
Até porque os princípios de Tintin são óptimos para transmitir aos filhos. Não fosse ele inspirado no lado de escuteiro de Hergé.



Do universo de personagens criados por Hergé, destaco obviamente Capitão Haddock - fique descansado, não me esqueci!
O que eu me ri graças a ele, ao longo destes anos.

Dos livros, o meu favorito é a Ilha Negra. É uma aventura fantástica, com uma sucessão de acontecimentos, imprevistos, que levam o leitor a interessar-se plenamente pela história e a só fechar o livro, quando este termina. Além de que Tintin, praticamente sozinho, apenas com a ajuda de Milou, consegue resolver todos os problemas.

 
Comentários:
Realmente o Hergé deixou-nos estas personagens fantásticas - até um português - Oliveira da Figueira -não me lembro em que aventura).
 
vai a wwwmundo-interno.blogspot.com
 
Belo apontamento! Também gosto dos irmãos Dupond, sempre a repetirem-se um ao outro.
 
caro rb:
Dupond & Dupont apesar das semelhanças físicas, diferem no nome e não têm qualquer grau de parentesco. São personagens que além de se repetirem acrescentam "direi mesmo mais".

Já o Oliveira Figueira tem um papel preponderante em País do Ouro Negro mas, a sua primeira aparição é num dos primeiros livros, provavelmente, Os charutos do Faroó. Não tenho a certeza, mas posso verificar se quiserem...
 
Confirma-se.

Portugal marca presença na obra de Tintin. O nosso mais ilustre representante os livros de Tintin é, indiscutivelmente, Oliveira da Figueira, vendedor nato e “fala barato” que Hergé integrou em três álbuns (em “Os Charutos do Faraó”, “Tintin no País do Ouro Negro” e “Carvão no Porão”).

Oliveira da Figueira, que se estreia nos álbuns de Tintin em “Os Charutos do Faraó” e que chega a salvar Tintin em apuros na aventura “Carvão no Porão” (oferecendo não somente a Tintin mas a também a Haddock os disfarces que lhes permitirão sair da cidade e ir ao encontro do Emir Bem Kalish Ezab), é um comerciante conhecido por vender tudo e mais alguma coisa, designadamente, objectos inúteis ou não necessários para os seus compradores. Os seus dotes de persuasão são tais que nem as “vítimas/clientes” notam, Tintin, incluído! Basta olhar para esta prancha extraída de um álbum editado em língua espanhola: “Felizmente não me deixei ir na conversa dele. A tipos como este, acaba-se, sempre por comprar uma data de coisas inúteis”. Na verdade, sempre apetrechado com tecnologia para vendas, Oliveira de Figueira até no deserto venderia areia!!

Hospitaleiro, Oliveira da Figueira logo que reconhece Tintin afirma que é preciso celebrar o acontecimento e serve “um copo de vinho de Portugal, do sol do meu país”, nas suas próprias palavras.
Oliveira da Figueira é ainda um óptimo contador de histórias, aspecto que se revelará decisivo para Tintin lograr entrar na casa do professor Smith (que não é outro senão o Dr. Müller, vilão de “A Ilha Negra”) enquanto Oliveira da Figueira delicia os presentes com a narrativa de uma tragédia inventada in loco sobre o seu pseudo irmão que gostava de caracóis.

Portugal surge ainda na rota de Tintin através de um professor de Física da Universidade de Coimbra de seu nome Pedro João dos Santos (mencionado em “A Estrela Misteriosa” como membro da expedição científica composta por eminentes sábios europeus parta a exploração de um aerólito nos mares árcticos). Outra referência portuguesa em Tintin é o jornal “Diário de Lisboa” (entretanto extinto), cujo representante (in “Tintin no Congo”) procura, ainda que sem êxito, disputar o jovem repórter à tutela do “Vingtième Siècle”.
 
caro gaspas: excelente esclarecimento!
já me tinha esquecido do papel do Figueira no "Carvão no Porão".
e a questão que fica é: estamos, nós portugueses, bem representados por esse personagem? ou podemos considerar apenas uma caricatura perfeita?
não nos podemos esquecer do olhar europeu sobre o exotismo português, país extremamente atrasado à época.
 
E já agora, outra achega: foi em POrtugal que foi publicado pela primeira vez, uma história de Tintim a cores. Foi na revista O Papagaio em 1936, tendo o próprio Hergé ficado surprendido, encantado nas suas próprias palavras; por sua vez, O Papagaio foi a primeira revista de um país não francófono a divulgar Tintim.
 
ops... afinal o atraso não era assim tão grande.
logo nesses anos, ofthewood?
podias ter suprimido a data, meu caro.
 
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