escrita irregular
sexta-feira, março 16, 2007
  A vizinha do 1º D
No prédio viviam seis famílias.
A de Anabela ocupava o 1º direito. Anabela era casada com Osvaldo e mãe de uma filha de 12 anos. Com o cabelo em tons claros, louro após o cabeleireiro, Anabela preservava o seu corpo, fazendo aeróbica duas vezes por semana, mais uma sessão de aparelhos no ginásio e ainda tinha tempo para uma aula de hidro-ginástica semanal, na piscina.
Com os seus 34 anos e vistosa, era dedicada à família e ao trabalho, revelando algum interesse neste, devido à sua longevidade laboral, activa desde os 16 anos.
O seu grande problema tinha sido a passagem para os 30 anos. Sentiu-se a envelhecer, um efeito psicológico tremendo, para quem começa cedo no mundo do trabalho. Desejou-se, definhou-se, pretendia mudar de vida. Quis manter-se jovem. O casamento aborrecia-a, procurou novas aventuras, teve um amante. O escândalo rebentou na vizinhança. O marido, uma excelente pessoa, apesar das escapadelas da esposa, manteve-se fiel e perdoou-lhe tudo. Foi difícil chamá-la à razão, até o vizinho do 1º esquerdo, Francisco, homem pacato, casado com 2 filhos, interferiu. Apelou-lhe numa conversa de escada às virtudes do casamento, da relação com a família, especial com a filha.
Osvaldo reconhecido, sempre que o via no café das imediações, pagava-lhe a despesa, o que transtornava Francisco. Em primeiro lugar, pelo acto da oferenda. Mas, o que mais lhe desagradava, era a sua relação com Anabela. Desde a época do adultério, apesar de todo o respeito de relação, com cumprimentos sérios e preocupações profundas quando algum familiar se encontrava doente, Francisco tinha passado a apreciar a sua vizinha. No intimo ria-se dos conselhos que tinha dado, pois o pretendido era ser ele o eleito. Os anos passaram e o interesse de Francisco crescia. Inscreveu-se num ginásio, passou a fazer desporto, tudo para se manter em forma e conseguir agradar. Em casa ninguém deu por nada. A sua esposa, Raquel, ficou feliz quando sentiu um corpo mais musculado e o sofá foi trocado pelo desporto activo.
A cobiça pela vizinha foi aumentando. Nas manhãs de fim de semana, Francisco perdia-se de olhares pelas traseiras, quando avistava Anabela em trajes sonolentos. Várias vezes tinha passado pela piscina, para observa-la nas aulas. O mesmo no ginásio. Quando se cruzavam na serventia do prédio, o embaraço sufocava o vizinho que não conseguia dizer nada de jeito, além das frases de boa educação. Anabela apercebeu-se que o discurso do vizinho era um pouco fugidio. Incrédula, repudiou o seu pensamento mais leviano.
Escusado será dizer que um dia, Francisco ganhou coragem. No mesmo local onde aconselhara fidelidade à vizinha, sentiu-se capaz e que deveria revelar-se. Agarrou-a por um braço e disse-lhe: Hoje não escapas! Anabela sorriu, surpreendida. Encaminharam-se para um pequeno compartimento do condomínio, dos arrumos da limpeza e ali se encaixaram. Francisco elogiou, mostrou o seu apreço por Anabela. Dizia frases como nunca tinha dito, enquanto agarrava e roubava beijos à vizinha. Esta oferecia alguma resistência mas, nada fazia para se soltar, nem desviava a sua boca da do vizinho. Beijo puxa beijo, língua encontra língua, Francisco atira: “sempre quis saborear a tua boca”. As mãos procuram o corpo do outro mas, Anabela é mais rápida. Desaperta a camisa do vizinho, beija-lhe o tronco e desaperta alguns botões da sua blusa. Com o peito de Anabela visível, repousado no soutien, Francisco excita-se. Procura beijá-lo e com as mãos soltá-lo. Anabela força-o a sentar-se numa cadeira, curiosamente ali depositada. Em seguida, puxa-lhe as calças para baixo e senta-se em cima dele. Francisco consegue beijar os seios de Anabela, tenta desapertar os colchetes. A sua amante não deixa, dizendo, não há tempo para isso! Com um pequeno gesto, oferece a Francisco o seu desejo.
Naquela posição, praticamente apenas Anabela se mexe. Duma forma semelhante à da máquina de remos, lá do ginásio. As suas mãos agarram as costas da cadeira, os ombros ou a cabeça de Francisco. Este procura espaço. Agarra as nádegas da vizinha e procura movimentar-se.
O ruído provocado pelos dois amantes, despertou a curiosidade da Sr.ª Maria, mulher da limpeza das escadas, de passagem pelo prédio. Ao abrir a porta e ver os movimentos de Anabela, ficou estupefacta. “D. Anabela!?” – exclamou. Esta voltou a cara e ao ver o ar aparvalhado de D. Maria, gritou-lhe: AGORA NÃO! Estou quase a ter um orgasmo!
A mulher da limpeza fugiu, fechando a porta. Anabela cravou as unhas nos ombros do pobre do Francisco, que não sabia o que pensar de todo o embaraço ocorrido. Com um grito de triunfo, Anabela estremeceu e soltou os seus braços. Vendo a cara do seu parceiro disse-lhe: Não temos tempo para mais. Vou falar com a Sr.ª para acalma-la. Ela não te viu de certeza. Depois falamos.
Arranjou a saia, apertou os botões da blusa e saiu. Francisco compôs-se, subindo as cuecas e as calças, apertando-as com dificuldade. Abotoou a camisa e pensou “Nem as cuecas tirou”; saiu dos arrumos para a rua e foi frustrado até ao café, esperando não ter que enfrentar Osvaldo.
 
Comentários:
mas que rica historia! :) devo dizer-te que me soube bem. tava bem apimentada de humor
 
obrigado. é sempre bom quando a nossa criação agrada aos outros.
genericamente, histórias de engates...
 
... e ainda faltam os outros(as), não é?!!!

Coitado do Osvaldo.
 
é verdade|
 
Ena Rui!! Que grande aventura!! Onde é que esssa casa mesmo?? Eh Eh
 
ficção meu caro, apenas ficção!
 
ou muito me engano ou anda por aí muita dor de cotovelo...
 
"dor de cotovelo", não sei... mas elevados níveis de testosterona, isso parece-me que sim!
parabéns Rui, continua a dar-nos estes rebuçados que tão bem se lêem.
 
caros amigos, estão um pouco enganados.
a narrativa apela à exteriorização, apenas isso, nada de confusões.
agradeço as vossas visitas frequentes e as palavras de incentivo.
 
serei eu a musa inspiradora de tamanha fertilidade criativa?
não é aqui que procuro a resposta mas é aqui que as dúvidas me assaltam...
poderei ou deverei sentir-me exposta, ou simples e levemente paranóica?

talvez não tenha nada a ver com o assunto. somos um só mas cada um consigo mesmo.
9 com um 0
bastava uma flor roubada ou um colchete rasgado
 
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