A vizinha do 1º D
No prédio viviam seis famílias.
A de Anabela ocupava o 1º direito. Anabela era casada com Osvaldo e mãe de uma filha de 12 anos. Com o cabelo em tons claros, louro após o cabeleireiro, Anabela preservava o seu corpo, fazendo aeróbica duas vezes por semana, mais uma sessão de aparelhos no ginásio e ainda tinha tempo para uma aula de hidro-ginástica semanal, na piscina.
Com os seus 34 anos e vistosa, era dedicada à família e ao trabalho, revelando algum interesse neste, devido à sua longevidade laboral, activa desde os 16 anos.
O seu grande problema tinha sido a passagem para os 30 anos. Sentiu-se a envelhecer, um efeito psicológico tremendo, para quem começa cedo no mundo do trabalho. Desejou-se, definhou-se, pretendia mudar de vida. Quis manter-se jovem. O casamento aborrecia-a, procurou novas aventuras, teve um amante. O escândalo rebentou na vizinhança. O marido, uma excelente pessoa, apesar das escapadelas da esposa, manteve-se fiel e perdoou-lhe tudo. Foi difícil chamá-la à razão, até o vizinho do 1º esquerdo, Francisco, homem pacato, casado com 2 filhos, interferiu. Apelou-lhe numa conversa de escada às virtudes do casamento, da relação com a família, especial com a filha.
Osvaldo reconhecido, sempre que o via no café das imediações, pagava-lhe a despesa, o que transtornava Francisco. Em primeiro lugar, pelo acto da oferenda. Mas, o que mais lhe desagradava, era a sua relação com Anabela. Desde a época do adultério, apesar de todo o respeito de relação, com cumprimentos sérios e preocupações profundas quando algum familiar se encontrava doente, Francisco tinha passado a apreciar a sua vizinha. No intimo ria-se dos conselhos que tinha dado, pois o pretendido era ser ele o eleito. Os anos passaram e o interesse de Francisco crescia. Inscreveu-se num ginásio, passou a fazer desporto, tudo para se manter em forma e conseguir agradar. Em casa ninguém deu por nada. A sua esposa, Raquel, ficou feliz quando sentiu um corpo mais musculado e o sofá foi trocado pelo desporto activo.
A cobiça pela vizinha foi aumentando. Nas manhãs de fim de semana, Francisco perdia-se de olhares pelas traseiras, quando avistava Anabela em trajes sonolentos. Várias vezes tinha passado pela piscina, para observa-la nas aulas. O mesmo no ginásio. Quando se cruzavam na serventia do prédio, o embaraço sufocava o vizinho que não conseguia dizer nada de jeito, além das frases de boa educação. Anabela apercebeu-se que o discurso do vizinho era um pouco fugidio. Incrédula, repudiou o seu pensamento mais leviano.
Escusado será dizer que um dia, Francisco ganhou coragem. No mesmo local onde aconselhara fidelidade à vizinha, sentiu-se capaz e que deveria revelar-se. Agarrou-a por um braço e disse-lhe: Hoje não escapas! Anabela sorriu, surpreendida. Encaminharam-se para um pequeno compartimento do condomínio, dos arrumos da limpeza e ali se encaixaram. Francisco elogiou, mostrou o seu apreço por Anabela. Dizia frases como nunca tinha dito, enquanto agarrava e roubava beijos à vizinha. Esta oferecia alguma resistência mas, nada fazia para se soltar, nem desviava a sua boca da do vizinho. Beijo puxa beijo, língua encontra língua, Francisco atira: “sempre quis saborear a tua boca”. As mãos procuram o corpo do outro mas, Anabela é mais rápida. Desaperta a camisa do vizinho, beija-lhe o tronco e desaperta alguns botões da sua blusa. Com o peito de Anabela visível, repousado no soutien, Francisco excita-se. Procura beijá-lo e com as mãos soltá-lo. Anabela força-o a sentar-se numa cadeira, curiosamente ali depositada. Em seguida, puxa-lhe as calças para baixo e senta-se em cima dele. Francisco consegue beijar os seios de Anabela, tenta desapertar os colchetes. A sua amante não deixa, dizendo, não há tempo para isso! Com um pequeno gesto, oferece a Francisco o seu desejo.
Naquela posição, praticamente apenas Anabela se mexe. Duma forma semelhante à da máquina de remos, lá do ginásio. As suas mãos agarram as costas da cadeira, os ombros ou a cabeça de Francisco. Este procura espaço. Agarra as nádegas da vizinha e procura movimentar-se.
O ruído provocado pelos dois amantes, despertou a curiosidade da Sr.ª Maria, mulher da limpeza das escadas, de passagem pelo prédio. Ao abrir a porta e ver os movimentos de Anabela, ficou estupefacta. “D. Anabela!?” – exclamou. Esta voltou a cara e ao ver o ar aparvalhado de D. Maria, gritou-lhe: AGORA NÃO! Estou quase a ter um orgasmo!
A mulher da limpeza fugiu, fechando a porta. Anabela cravou as unhas nos ombros do pobre do Francisco, que não sabia o que pensar de todo o embaraço ocorrido. Com um grito de triunfo, Anabela estremeceu e soltou os seus braços. Vendo a cara do seu parceiro disse-lhe: Não temos tempo para mais. Vou falar com a Sr.ª para acalma-la. Ela não te viu de certeza. Depois falamos.
Arranjou a saia, apertou os botões da blusa e saiu. Francisco compôs-se, subindo as cuecas e as calças, apertando-as com dificuldade. Abotoou a camisa e pensou “Nem as cuecas tirou”; saiu dos arrumos para a rua e foi frustrado até ao café, esperando não ter que enfrentar Osvaldo.