Idade da Inocência (7)
O choro sentido dos miúdos é único. Aquele quando se aleijam, assustam, se sentem injustiçados e as lágrimas verdadeiras caem pela cara abaixo.
No momento do consolo, do afago sinto o seu sabor e recordo a infância. Aquele gosto único de dor, sofrimento, esquecido na memória.
O choro sentido, da tristeza, ficou por esses anos.
Entretanto, os anos de solitário secaram-me os sentimentos e as lágrimas. Adoptei o estilo Clint Eastwood, seco. Furioso, irado, com altos berros, quando alterado ou descontrolado. Apesar das fortes emoções proporcionarem pequenas lágrimas, com gosto diferente… mais suaves, com uma dose de alegria associada.
Ao ver a Luisinha a transformar birras em choro inocente, molhado e salgadinho, ofegante por vezes, constato que tudo seria mais fácil se houvesse apenas este choro, o sincero. A compreensão seria prioritária e o colo o resultado, passando pelos carinhos indispensáveis.
A sinceridade é um dos melhores argumentos humanos, mesmo quando estamos tristes.