escrita irregular
sexta-feira, janeiro 05, 2007
 
posfácio

agora que ninguém visita isto, posso escrever assim:

- Não sei se me estou a enganar. Preciso de alguém para trabalhar cá em casa, a senhora tem boas referências e boa apresentação. Aqui é que reside o problema. O meu marido, segundo me disse uma última empregada, é dado à conquista de domésticas. Por isso, vamos fazer a seguinte combinação: qualquer passo em falso da parte dele, a Patrícia avise-me logo, ok?
Passaram-se muitos dias de rotina da lida caseira. A relação com a patroa, apesar da exigência, era muito boa e do marido não se via nada de especial, em relação a possíveis abordagens. Antes pelo contrário, sempre muito simpático, atencioso, a questionar se estava a gostar de ali trabalhar, entre outras perguntas sem qualquer deslumbramento e ponta de conquistador.
Era um casal sem filhos por opção. Tinham uma óptima relação, sempre agarrados e nunca discutiam à frente dos outros. Desde os seus primeiros tempos de trabalho, Patrícia nunca os viu zangados, nem amargurados. Questionava-se se a desconfiança da patroa não seria em relação a ela e por isso começou a evitar, entrar onde estive o senhor. Não conseguia evitar que ele entrasse onde estivesse a arrumar ou limpar mas, por prudência só ia aos quartos em horas que não estivesse ninguém em casa. Os horários dos patrões não eram fixos, por vezes passavam manhãs em casa, outras vezes tardes. Esta flexibilidade, implicava uma desorganização no seu trabalho mas, combinava os timings dos serviços com a dona da casa para evitar censuras.
Uma manhã optou pela limpeza da casa de banho. Estava de joelhos a limpar, de costas para a porta. De repente ouviu passos e em seguida um deslizar suave da porta. Virou-se e qual o seu espanto quando viu o marido da patroa. Levantou-se e ele acalmou-a, queria apenas agradecer-lhe o excelente trabalho que estava a fazer em sua casa, que a vida em casa era agora mais tranquila, que apesar de ela não conhecer a sua esposa antes, notava-se agora que estava mais calma, com mais tempo para ele, sem a mania das perseguições, sem duvidar da sua fidelidade. E em seguida saiu.
Ela respirou fundo e optou por não contar nada a ninguém. Vivia só com a mãe. Era divorciada e não tinha filhos, o marido tinha-a trocado pela heroína e tanto pior para ele. O trabalho em casa de outras pessoas não a incomodava, pois procurava casas com possibilidades de vencimento um pouco mais elevado e sem crianças, pois as pequenas pestes dão sempre mais que fazer.
Passados uns dias, sentiu de novo a porta a fechar-se nas costas dela. Virou-se assustada e deparou-se de novo com o "senhor". Desta vez ele aproximou-se um pouco mais. Disse-lhe palavras belas, poesias ou prosas que a embriagaram. Nunca lhe tinham falado assim. Tanto respeito na linguagem, tanto adjectivo a qualificarem-na, tanta perfeição aos olhos de quem a via e pelos vistos a cobiçavam, fizeram-na derreter-se ao galenteio. Quando o senhor Vicente deu um passo para próximo dela, não se afastou, esperou para ver, ou melhor queria mesmo sentir o que se iria seguir.
Os últimos meses de casada tinham sido terríveis, ressacas e violência foram o dia-a-dia da sua vida. Tinha-se esquecido do que era namorar, de palavras de elogio, de ternura, do amor e outras coisas que estava a ouvir e a sentir agora. O contacto fisíco com um homem tinha sido há imenso tempo e nas circunstâncias piores que se pode imaginar. Não iria resistir certamente.
Quando sentiu os lábios do senhor Vicente no seu pesçoco, uma duas e mais vezes, entre as belas palavras que lhe ouvia, entrou em órbita. Deu um passo para ele. Sentiu as suas mãos a percorrerem-lhe as costas e entregou-lhe a boca. Beijou-o como nunca o tinha feito. Gostou, repetiu. Várias vezes. Em silêncio, sem mais palavras, entrelaçou-se com o senhor Vicente. As suas mãos masculinas torneavam as suas formas femininas, sentia-se mulher de novo. Do corpo de Vicente vinham sinais de masculinidade, ficou feliz por senti-lo encostado a si. Optou por toca-lo, enquanto trocavam beijos e fluidos na boca um do outro. Abriu-lhe o fecho e com a mão sentiu-lhe toda a erecção. Não conseguia resistir, já não pensava em mais nada. Vicente sentiu o cinto e o fecho das calças a serem desapertados, não era costume nas suas conquistas caseiras e sorriu feliz com a ousadia. Ficou admirado quando ela deixou de o beijar e se ajoelhou. Estava perplexo mas, como não lhe desagradava de todo deixou-se estar. Sentindo-se a perder o controlo da situação disse-lhe: "despe-te, agora!" Ao ouvir tanta intimidade, Patrícia voltou a si. Olhou para cima e viu-o sorrindo de consolado e sentiu-se envergonhada. Não queria acreditar no que fizera. Como era possível não ter resistido ao marido da patroa. Afinal, o que tinha combinado com ela tinha sido o contrário do que estava a fazer. Largou-o, levantou-se, ajeitou a face, deu um passo para trás simulando que se ia despir e pegou na garrafa de lixívia. Agarrou-o e expôs-lhe a glande, em seguida derramou-lhe a lixívia sobre o sexo, dizendo: "Não lhe dei intimidade para me tratar por tu, pois não?"
De olhos fechados, Vicente gritou desalmadamente, que dor, que horror. Quando aguentou o sofrimento, abriu os olhos e já não viu Patrícia, apenas a sua mulher o fitava, escandalizada.
- Francamente Vicente, que baixaria atacar uma sopeira na casa de banho.
 
Comentários:
FANTÁSTICA A HISTÓRIA. UM DESTES DIAS CONTO-TE UMA QUE É MUITO PARECIDA... SÓ QUE ACABA MELHOR.
UM BOM ANO DE 2007 PARA TODA A FAMÍLIA.
 
Só tem um fim um bocadinho abrupto, a meu ver, penso que terá sido para não alongar demasiado, de resto está excelente!
 
Ah, e retiraste a moderação de comentários. Sim senhor, este blog está a renascer e de que maneira.
 
Bem vindo.Excelente escrita...
 
Ninguem visita, salvo seja!!!
 
NINGUEM VISITA ...
 
Até eu visito!!
 
olha, olha.
afinal ainda visitam.
gostei de o saber.
não esperem outra coisa senão irregularidades... em jeito de fácios.
um abraço.
 
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