Idade da inocência
Aproveitando as tréguas climatéricas, a família dirigiu-se à praia. A forte pluviosidade tinha alisado a areia, conferindo-lhe um aspecto de inexplorada. O supremo estado, de quem egoisticamente, procura o sossego.
O dia estava ameno, o mar agitado, nada “flat”, o que torna a zona da rebentação concorrida por surfistas, desejosos de sentir adrenalina. Nos calhaus, alguns pescadores, tentavam a sua sorte. As praias são agora mais concorridas por aqueles, do que pelos amantes da cana e do anzol. Sinais dos tempos.
O chamamento da brincadeira atirou toda a família para a areia. Depois do café dos pais, já descalços, com as calças dobradas - tipo rockabilly, tiveram vontade de correr na areia, de pular dos sulcos formados pelo mar, na sua rotina invernosa de erosão da costa. Procurar conchas cor de rosa e algum sinal da fauna marítima, foram outras das actividades eleitas.
A atracção pelos paus, pelas pedras, pelas penas de gaivotas e por demais lixo trazido pelo mar, sabe-se lá de onde, despertaram a desatenção do rapaz. Uma herança do progenitor, que a genética fez o favor de lhe atribuir.
No meio da abstracção, olhou para o pai e vendo-o a brincar com a irmã perguntou: Pai, gostavas ser de novo criança?